De janeiro a março de 2005, as apreensões de cocaína em Mato Grosso do Sul já superaram todo o ano passado. Enquanto nos 12 meses de 2004, a Polícia Federal do Estado apreendeu 724 quilos do entorpecente, nos três primeiros meses deste ano, os policiais retiraram de circulação 764 quilos da droga, 5% a mais que todo o ano passado. A superação se deve a mudança na estratégia dos traficantes, que antes usavam o espaço aéreo brasileiro para distribuir a cocaína. Segundo o comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), coronel Geraldo Orti, com a adoção da Lei do Abate, a droga da Colômbia é levada de avião até o Paraguai e de lá é distribuída em pequenas quantidades pelo Brasil. Para entrar no país e driblar a fiscalização área, os traficantes têm usado as estradas de Mato Grosso do Sul. Em vigor desde outubro de 2004, a lei autoriza a FAB (Força Aérea Brasileira) a derrubar aviões caso os pilotos se recusem a se identificarem.
O comandante afirmou que, por via terrestre, o tráfico de cocaína geralmente era feito em pequenas quantidades chegando ao máximo de 3 ou 4 quilos da droga. No entanto, tem sido comum apreensões da droga em carro particular e em ônibus de viagem. “Eles diversificaram a forma de transportar a droga”, argumentou. Um exemplo ocorreu na sexta-feira passada (1), quando em duas operações Polícia Federal interceptou 170 quilos de cocaína que chegaram ao Brasil pela fronteira do Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia. A maior apreensão aconteceu em uma fazenda no município de Ponta Porã, na divisa com o Paraguai. Em fiscalização em uma fazenda os policiais apreenderam 106 quilos de cocaína, já embalada para a venda. Em Corumbá, na divisa com a Bolívia, policiais descobriram 65 quilos da droga escondidos em um caminhão que transportava cimento. Em março, a Polícia Militar apreendeu dois homens com com 50 quilos de cocaína, em Fátima do Sul. Eles disseram aos policiais que receberiam R$ 1 mil pelo transporte. A droga estava em um caminhão baú e foi encontrada durante uma barreira.
Além da Lei do Abate, segundo Orti, outro fator que contribuiu para a mudança de rota é a instalação de um posto do DOF, em Corumbá, na fronteira com a Bolívia, país que também é produtor de cocaína. Antes, conforme o comandante, a fiscalização na fronteira com a Bolívia era feita uma vez por mês, agora o local dispõe de um ponto fixo e equipe fixa de fiscalização. O comandante disse que tem aumentado o efetivo e a fiscalização na região. O DOF comemora o aumento de 25% na prisão de pessoas neste ano. De janeiro a março, o departamento prendeu 41 pessoas por tráfico de drogas, foram apreendidos 23 kg de cocaína, 650 quilos de maconha e 2.189 bolas de haxixe. A apreensão de veículos teve aumento de 38%. Neste ano foram 13 veículos, contra 32 no ano passado todo.