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Após sentenciar mais de 500 traficantes, juiz é ameaçado

Sinézio Alcântara, 24horasnews - 15 de maio de 2009 - 07:59

O juiz da 3ª Vara Criminal e de Execuções Penais, em Cáceres/MT, Alex Nunes de Figueiredo, pode ser alvo dos traficantes que atuam no crime organizado na fronteira. Nos últimos dias ele vem sofrendo constantes ameaças de morte, em sua casa, e até no próprio Fórum, onde trabalha. As ameaças acontecem por telefone, geralmente no período noturno. Nas ligações os bandidos afirmam que “você está com os dias contados. Você vai morrer”. O fato já foi comunicado ao Tribunal de Justiça e a Polícia Federal.

Apesar de assegurar que não as teme, o juiz já mudou os hábitos de vida. Tanto ele quando a família já não sai de casa a noite. Os filhos adolescentes deixaram de freqüentar festas ou clubes. Ele tem alguns suspeitos, porém, não pode afirmar nada porque, em menos de três anos na comarca já sentenciou, pelo menos, 594 pessoas, a maioria traficantes que atua no narcotráfico na região da fronteira com a Bolívia

“É muito difícil apontar alguém. Foram quase 600 pessoas sentenciadas, a maioria por tráfico de drogas. E, isso, contraria interesses de muita gente poderosa”, observa lembrando que além das condenações outra causa de revolta dos criminosos são as transferências da cadeia pública de Cáceres. “Quem eu sei que pode ser resgatado transfiro para outras cadeias de maior segurança. E, isso também causa revolta, principalmente, a traficantes” - disse.

A situação é preocupante. Além de não sair de casa a noite, a exemplo do juiz Odilon de Oliveira, da comarca de Ponta Porã (MS) - jurado de morte pelo crime organizado na fronteira com o Paraguai, por condenar e confiscar bens de traficantes brasileiros e paraguaios -, o juiz Alex passa a maioria do tempo recolhido no fórum de Cáceres.

Não pratica as caminhadas com amigos, que costumeiramente fazia, e não permite que os filhos adolescentes participem de festas ou freqüentem clubes na cidade. “Tenho Deus iluminando o meu caminho. As agressões e ameaças que tenho recebido me fortalece e me motiva. Mas, tenho que me precaver. Não posso dar sopa para o azar”, diz afirmando que está pensando seriamente em mudar a família para fora da região e só ele permanecer em Cáceres.

Ele admitiu já ter pensado em requisitar segurança. Porém, acredita que, ao invés de impedir qualquer atentado, pode chamar ainda mais a atenção andar acompanhado de policiais. “Se por um lado, o policial dá maior segurança, por outro chama mais atenção”, observa.

A situação sensibiliza os colegas e promotores da comarca. Em reunião realizada na tarde de ontem, os juízes e promotores, hipotecaram apoio e solidariedade ao magistrado Assim como os colegas de Cáceres, nesta sexta-feira, amanhã, uma comitiva da Associação Mato-grossense de Magistrados – AMAM, liderada pelo presidente juiz Walter Pereira dos Santos estará na cidade se inteirando do caso, tomando algumas providências e também hipotecando apoio e solidariedade ao juiz.

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