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Após 29 horas, presos encerram todas as rebeliões em MS

Marta Ferreira/Campo Grande News - 15 de maio de 2006 - 19:34

Uma morte confirmada, pelo menos 5 feridos, dois presídios destruídos, 15 reféns que passaram horas sob ameaça, mais de 25 horas de tensão para mães, mulheres e filhos de presos, que tiveram de dormir nos presídios, e uma crise jamais vista para o sistema carcerário de Mato Grosso do Sul. É o saldo, nada positivo, das quatro rebeliões ocorridas nas penitenciárias das maiores cidades do Estado entre esse domingo e esta segunda-feira. Os motins foram encerrados na seguinte ordem: primeiro Corumbá, por volta das 8h30, depois Campo Grande e Três Lagoas, às 12h30, e por último Dourados, por volta das 17h.

As ações são consideradas pelas autoridades de segurança pública do Estado um ato de “solidariedade” de presos do Estado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que patrocina, desde sexta-feira, além de rebeliões nos presídios, uma onda de ataques à unidades da polícia, bancos e até ônibus. No Estado vizinho, o número de mortos já estaria perto da casa das cem pessoas.

Em Mato Grosso do Sul, as rebeliões simultâneas começaram durante a visita desse domingo aos presídios, às 11h30. Excepcionalmente, crianças puderam acompanhar as mães, em razão da data comemorativa. Acabaram dormindo nos locais e presenciando desde a tortura de reféns até a decapitação de um preso. O horror chegou a tanto que a cabeça do presos morto, Fernando Eloy, condenado por seis homicídios, chegou a ser exibida pelos amotinados, que se concentraram no ponto mais alto da unidade penal, a caixa d´água.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública, mesmo alertada ainda na sexta-feira do risco de que os ataques em São Paulo pudessem refletir no Estado, decidiu manter as visitas no domingo, inclusive com a presença das crianças. A alegação é de que qualquer decisão em contrário poderia tornar a situação ainda pior. A medida adotada, diante do alerta feito pela polícia de São Paulo e pelo sindicato dos agentes penitenciários, foi reforçar a segurança nos presídios e unidades de polícia, convocando até os policiais de folga para ajudar.

Prejuízos - Ainda não há um levantamento dos prejuízos deixados pelos presos. A avaliação vai ser feita depois da varredura que a PM está fazendo nos locais, com o objetivo de retirar objetos proibidos, como celulares, e desarmar o presos. Já é consenso que o maior estrago foi em Campo Grande e Dourados, onde a destruição promovida pelos presos alcançou até mesmo as áreas de administração.

Na penitenciária da Capital, cerca de cem presos foram transferidos para o Presídio Militar, vizinho ao complexo. Entre eles, vários que se entregaram à PM, alguns alegando estar fugindo da rebelião organizada por integrantes do crime organizado.

Em Dourados, o motim durou mais tempo e só terminou quando 10 presos foram transferidos para a sede da Polícia Federal. Em Três Lagoas, 40 detentos foram levados para a penitenciária que abriga as mulheres. Em Corumbá, a não transferência de presos foi uma das exigências para encerrar o movimento.

O secretário de Coordenação-Geral de Governo, Raufi Marques, que acumula também a Justiça e Segurança Pública, disse pela manhã que já haviam sido identificados líderes das ações no Estado, mas não citou nomes. Sobre uma eventual transferência dessas pessoas, a informação é que a decisão só vai ser tomada depois de uma avaliação mais cuidadosa de toda a situação.

(Com informações de Alessandro Perin, Aline Queiros, Alise Santos, Fernanda Mathias, Humberto Marques, Marina Miranda e Maristela Brunetto)

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