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Após 27 anos de negociações Japão compra manga do Brasil
O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, informou hoje (16/09) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a abertura do mercado japonês para a manga brasileira após 27 anos de negociações entre os países.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, comemorou a decisão do premiê japonês. Essa abertura é muito emblemática, simbólica para nós. A medida sinaliza uma nova fase das relações comerciais agrícolas entre Brasil e Japão, diz. O ministro tratou pessoalmente deste assunto com representantes do governo japonês em três viagens que fez ao país desde 2003 a última delas no fim de maio deste ano. Há 20 anos, quando ainda era dirigente cooperativista, já lutava por essa abertura do mercado japonês para a nossa fruta, lembra Rodrigues.
A abertura do mercado do Japão significará um substancial aumento na produção de manga no pólo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, avalia Rodrigues. A última barreira superada nas negociações foi o tratamento pós-colheita da fruta. O procedimento adotado pelo Brasil inclui a lavagem da fruta com água quente para evitar a presença de larvas e ovos da mosca do mediterrâneo, além do tratamento com hipoclorito para matar bactérias. A fruta é vendida por cerca de US$ 18 no mercado japonês.
O ministro Rodrigues argumenta que essa abertura simboliza uma nova fase nas relações comerciais nipo-brasileiras. Esperamos que agora, a partir dessa abertura emblemática para a nossa manga, comece uma terceira fase nessas relações por meio da adoção dos biocombustíveis à base de etanol e biodiesel no Japão.
Ele lembra que a imigração japonesa foi fundamental para a implantação e a expansão do agronegócio no Brasil. Os japoneses trouxeram novas tecnologias de produção e introduziram fortes noções de associativismo e cooperativismo no Brasil. Além disso, os recursos do governo do Japão foram fundamentais para financiar a abertura de novas áreas agrícolas em nossos Cerrados, afirma.
Biocombustíveis - O ministro está otimista com a receptividade dos japoneses ao projeto apresentado pelo Brasil, no início deste ano, para obter financiamento à pesquisa de biocombustíveis. Na última terça-feira (14/09), o primeiro-ministro japonês visitou, a convite de Rodrigues, a planta industrial de uma usina de açúcar e álcool na região de Ribeirão Preto (SP). Lá, Koizumi também sobrevoou lavouras de cana-de-açúcar, café e laranja. Essa visita também foi simbólica, diz Rodrigues. Segundo ele, o premiê pôde ver de perto o mar de cana e os rios de álcool que o Brasil produz, além do imenso potencial do país para o futuro próximo.
Em março deste ano, o Japão autorizou a adição de até 3% de biocombustível à gasolina. Rodrigues calcula que a medida poderá representar uma demanda de 10 bilhões de litros de álcool por ano naquele mercado. Para atendê-la, o Brasil precisaria aumentar em pelo menos 2 milhões de hectares a área de plantio de cana-de-açúcar. Por isso, é necessário discutir com o Japão a questão de preço e de logística de transporte e armazenagem do produto.