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Apesar dos riscos, pacientes não seguem recomendações

Agência Notisa - 28 de setembro de 2004 - 15:34

Apesar dos riscos, pacientes não seguem recomendações como parar de fumar, realizar exercício físicos regulares e cortar o sal. Consultas muito breves dificultariam ainda mais a adoção da terapêutica.


Especial Agência Notisa, direto do Riocentro, 59º Congresso Brasileiro de Cardiologia


Rio de Janeiro - Qual é o impacto das mudanças no estilo de vida na redução da morbimortalidade cardiovascular? De acordo com os pesquisadores brasileiros presentes neste colóquio da 59º Congresso Brasileiro de Cardiologia, a eficácia dessa prevenção já é consensual, o problema real seria aplicá-la no paciente. Entre outros motivos, todos os presentes concordaram que é muito mais fácil para o médico prescrever um remédio que tentar mudar hábitos de seus pacientes e culparam a chamada medicina de convênio. “Esperar que o paciente mude seu estilo de vida realizando uma consulta de apenas alguns minutos, na qual o cardiologista somente lista o que ele deve fazer, é querer demais”, afirmou Jamil Schneider, palestrante de Santa Catarina.

Na opinião de Flavio Fuchs, professor da UFRGS, já se conhece o elixir da vida: pressão arterial (PA) abaixo de 120/80. “Se mantivéssemos essa PA ao longo de nossa vida, 60% dos infartos e 70% dos AVC (acidentes vasculares cerebrais) não ocorreriam e teríamos pessoas chegando aos 130, 140 anos com muito mais facilidade”, disse o pesquisador. Ele observou que o paciente, em geral, é muito resistente às mudanças em seu comportamento, apesar de, na maioria das vezes, perceber a importância disso. “Diversos estudos mostraram que se consegue bons com pequenos grupos, mas quando os métodos foram aplicados na prática, em larga escala, não se obtiveram os mesmos números”, lamentou.

Segundo os palestrantes, os pacientes devem, prioritariamente, parar de fumar, realizar atividade física e realizar dieta hipossódica (sem sal/sódio). Para o pesquisador Wille Oigman, professor da Uerj, o combate ao sal seria o mais complicado, pois ele está presente em praticamente todos os alimentos industrializados e, por isso, não há possibilidade de se adotar uma estratégia tão agressiva quanto à que existe contra o tabagismo. “Se você fizer uma lei que proíba o uso do sal no mundo, toda a indústria alimentícia quebra”, afirmou. O sódio (composto básico do sal) é utilizado na conservação de quase todos os alimentos.

Já o uso do álcool no combate ao risco cardiovascular foi desmistificado. “As pessoas que consomem pouco álcool têm menos risco vascular não em função [do efeito benéfico] desse baixo consumo, mas em função de outros hábitos associados que, em geral, quem bebe pouco tem”, defendeu Fuchs. O pesquisador pernambucano, Fernando Lianza Dias, afirmou ser fundamental para o médico ter uma noção exata das condições de saúde do paciente antes de adotar qualquer terapêutica, por mais consagrada que ela seja. “Em João Pessoa, de janeiro de 2003 para cá, foram registrados 150 óbitos súbitos, em geral entre jovens de 14 a 30 anos de idade”, atestou.


(Agência Notisa de Jornalismo Científico – Scientific Journalism)

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