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Apesar das "mandingas", estreia do Brasil na Copa não muda a rotina de Buenos Aires

Luiz Antônio Alves, Correspondente da Agência Brasil na Argentina - 15 de junho de 2010 - 18:57

Buenos Aires - O Brasil e a Argentina, mesmo sem estarem se enfrentando pelo gol, acrescentaram hoje (15) mais um episódio à história de vitórias e derrotas que, desde 1914, registra uma velha e folclórica rivalidade nos campos de futebol. Ao derrotar a Coreia do Norte por 2 a 1 - gols de Maicon, Elano e Ji Yun Nam - a seleção de Dunga sofreu para se impor contra os coreanos e esteve longe da extrema cordialidade que foi o destaque do primeiro jogo oficial de que se tem notícia entre Brasil e Argentina.

Segundo registros de 1913 - recuperados pela revista Placar em 1979 - o tenente-coronel Julio Roca criou, naquele ano, a copa que teria o seu nome. Apaixonado por futebol, Roca desejava que a disputa estimulasse a juventude argentina e brasileira que "em nossos países, cultiva esse nobilíssimo esporte". Em 1914, os brasileiros vieram até Buenos Aires, onde foram recebidos com flores. No dia 20 de setembro, Brasil e Argentina disputaram um amistoso, que terminou com vitória de 3 a 0 para a seleção da casa.

No dia 27 de setembro, o primeiro jogo oficial entre os dois países, na disputa pela Copa Roca, aconteceu no Gynmasia y Esgrima de La Plata. O jogador brasileiro Rubens Salles, citado como um homem de jogo e modos elegantes, fez 1 a 0 para o Brasil. No segundo tempo, o argentino Leonardi marcou um gol - com a mão. O juiz brasileiro Alberto Borgerth validou o lance.

O capitão argentino, Gallup Lanus, cavalheirescamente comunicou ao juiz que, devido à irregularidade do lance, seu time não aceitava a marcação. A vitória do jogo ficou com o Brasil. Torcedores invadiram o campo e levaram nos ombros o goleiro - então chamado goalkeeper - Marcos Mendonça.

Quase 100 anos depois, e em tempos de internet, a rivalidade futebolística Brasil x Argentina assume outra dimensão. Por exemplo: uma agência de publicidade de Rosário - com sucursais na Venezuela e na Espanha - inaugurou na rede uma página com o exclusivo propósito de divulgar "mandingas" contra a seleção brasileira. O título principal pede : "Façamos com que o Brasil jogue lento". E, para isso, a página criou um bordão: "Alentemos a Brasil".

A explicação para o termo alentemos é simples: diminuir a velocidade do jogo de determinado time de futebol. Entrevistados pela Agência Brasil, alguns torcedores de Buenos Aires veem na página uma brincadeira inocente. Outros não concordam com a desfiguração da bandeira verde-amarela, apresentada na abertura do site, em que o dístico "Ordem e Progresso" foi alterado para "Ordem e Regresso".

Brincadeira ou não, o fato é que, desde ontem (14), a rivalidade aumentou mais alguns níveis a partir de declarações de Pelé sobre Diego Maradona. Recentemente, o técnico argentino declarou: "Alguém disse por aí que um senhor moreno disse que a África não poderia receber a Copa. Cheguei aqui dois dias depois, falei com o Danny Jordan [chefe do comitê organizador] e disse para ele ficar tranquilo, tudo daria certo.”

Ontem (14), Pelé deu o troco. Disse que Maradona aceitou dirigir o time argentino porque precisava de dinheiro. "Vi que a Argentina se classificou com dificuldade nas eliminatórias, mas a culpa não é dele [Maradona]. É de quem o colocou no cargo".

A velha rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina - independentemente das farpas entre Pelé e Maradona - fez-se sentir hoje (15), em Buenos Aires. Até as 12h30 (horário de Brasília) não se via nas ruas nenhuma camiseta verde-amarela que identificasse torcedor brasileiro longe de casa. Nem mesmo na Rua Florida, tradicional ponto de encontro de consumidores do Brasil em busca de produtos bons e baratos.

Na Avenida de Maio, bares e restaurantes exibem todos os jogos da Copa em televisores de tela plana. Na pizzaria La Continental, no centro da capital argentina, perguntado se haveria algum problema se os turistas brasileiros comemorassem eventual vitória do time de Dunga, um dos garçons respondeu, sorrindo: "se for apenas um pouquinho, não há problema. Só um pouquinho..."

Edição: Vinicius Doria

Correspondente da Agência Brasil na Argentina

Buenos Aires - O Brasil e a Argentina, mesmo sem estarem se enfrentando pelo gol, acrescentaram hoje (15) mais um episódio à história de vitórias e derrotas que, desde 1914, registra uma velha e folclórica rivalidade nos campos de futebol. Ao derrotar a Coreia do Norte por 2 a 1 - gols de Maicon, Elano e Ji Yun Nam - a seleção de Dunga sofreu para se impor contra os coreanos e esteve longe da extrema cordialidade que foi o destaque do primeiro jogo oficial de que se tem notícia entre Brasil e Argentina.

Segundo registros de 1913 - recuperados pela revista Placar em 1979 - o tenente-coronel Julio Roca criou, naquele ano, a copa que teria o seu nome. Apaixonado por futebol, Roca desejava que a disputa estimulasse a juventude argentina e brasileira que "em nossos países, cultiva esse nobilíssimo esporte". Em 1914, os brasileiros vieram até Buenos Aires, onde foram recebidos com flores. No dia 20 de setembro, Brasil e Argentina disputaram um amistoso, que terminou com vitória de 3 a 0 para a seleção da casa.

No dia 27 de setembro, o primeiro jogo oficial entre os dois países, na disputa pela Copa Roca, aconteceu no Gynmasia y Esgrima de La Plata. O jogador brasileiro Rubens Salles, citado como um homem de jogo e modos elegantes, fez 1 a 0 para o Brasil. No segundo tempo, o argentino Leonardi marcou um gol - com a mão. O juiz brasileiro Alberto Borgerth validou o lance.

O capitão argentino, Gallup Lanus, cavalheirescamente comunicou ao juiz que, devido à irregularidade do lance, seu time não aceitava a marcação. A vitória do jogo ficou com o Brasil. Torcedores invadiram o campo e levaram nos ombros o goleiro - então chamado goalkeeper - Marcos Mendonça.

Quase 100 anos depois, e em tempos de internet, a rivalidade futebolística Brasil x Argentina assume outra dimensão. Por exemplo: uma agência de publicidade de Rosário - com sucursais na Venezuela e na Espanha - inaugurou na rede uma página com o exclusivo propósito de divulgar "mandingas" contra a seleção brasileira. O título principal pede : "Façamos com que o Brasil jogue lento". E, para isso, a página criou um bordão: "Alentemos a Brasil".

A explicação para o termo alentemos é simples: diminuir a velocidade do jogo de determinado time de futebol. Entrevistados pela Agência Brasil, alguns torcedores de Buenos Aires veem na página uma brincadeira inocente. Outros não concordam com a desfiguração da bandeira verde-amarela, apresentada na abertura do site, em que o dístico "Ordem e Progresso" foi alterado para "Ordem e Regresso".

Brincadeira ou não, o fato é que, desde ontem (14), a rivalidade aumentou mais alguns níveis a partir de declarações de Pelé sobre Diego Maradona. Recentemente, o técnico argentino declarou: "Alguém disse por aí que um senhor moreno disse que a África não poderia receber a Copa. Cheguei aqui dois dias depois, falei com o Danny Jordan [chefe do comitê organizador] e disse para ele ficar tranquilo, tudo daria certo.”

Ontem (14), Pelé deu o troco. Disse que Maradona aceitou dirigir o time argentino porque precisava de dinheiro. "Vi que a Argentina se classificou com dificuldade nas eliminatórias, mas a culpa não é dele [Maradona]. É de quem o colocou no cargo".

A velha rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina - independentemente das farpas entre Pelé e Maradona - fez-se sentir hoje (15), em Buenos Aires. Até as 12h30 (horário de Brasília) não se via nas ruas nenhuma camiseta verde-amarela que identificasse torcedor brasileiro longe de casa. Nem mesmo na Rua Florida, tradicional ponto de encontro de consumidores do Brasil em busca de produtos bons e baratos.

Na Avenida de Maio, bares e restaurantes exibem todos os jogos da Copa em televisores de tela plana. Na pizzaria La Continental, no centro da capital argentina, perguntado se haveria algum problema se os turistas brasileiros comemorassem eventual vitória do time de Dunga, um dos garçons respondeu, sorrindo: "se for apenas um pouquinho, não há problema. Só um pouquinho..."

Edição: Vinicius Doria

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