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Aos 85 anos, Pedrossian fala da paixão pela política e como "fez muita coisa"

Aline dos Santos, Campo Grande News - 13 de agosto de 2013 - 18:06

Pedrossian, na foto ao lado da esposa, comemora 85 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pedrossian, na foto ao lado da esposa, comemora 85 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na música, a homenagem em letra e versos exalta o “Homem de Miranda”. Mas também cabe a Pedro Pedrossian, governador por três vezes e hoje comemorando 85 anos de vida, o titulo de um homem de paixões. Ao ser informado de que um dos temas da entrevista concedida ao Campo Grande News era política, deixa escapar um “opa!”, expressando contentamento.

Em seguida, com a forma franca que lhe deu fama, rasga o verbo. “A conclusão que chego é que a política do Brasil funciona ainda que nem rabo de cavalo, é para baixo. Você não vê os políticos discutindo um problema nacional. O político federal é apenas um homem que busca verbas para entregar às Prefeituras e aferir resultado para financiar a sua própria reeleição”, afirma.

Para ele, um exemplo do novo modelo de se fazer política é representado pelo PMDB nacional, que prefere aliança à disputa. “Hoje, por exemplo, fica claro que o PT vai eternizar no governo. O PMDB perdeu a vocação sem interesse pelas eleições”, diz.

Na contramão dos acordos e a máxima da governabilidade, Pedrossian fala como remanescente de um tempo em que a vida pública despertava emoções. “Fui governador várias vezes. Chegava às 5h no gabinete. Ficava embaixo do chuveiro pensando em como poderia ajudar. Fui apaixonado pelo que fiz. Mesmo com orçamento pequeno, consegui fazer muita coisa”, rememora.

Com a vida forjada nos caminhos de ferros da Noroeste do Brasil, o engenheiro Pedrossian deveria estrear na política sendo vice de Lúdio Coelho.

“O Lúdio, candidato da UDN, foi a Bauru e me convidou para ser o vice. Mas nunca mais tocou no assunto. De qualquer forma, aquela medida do Lúdio fez com que tomassem conhecimento da minha existência como político. Fui escolhido para ser candidato”, relata.
Na década de 1960, sem condições financeiras, ele embarcou em um avião de pequeno porte, “às vezes nem a bússola funcionava", e na aventura de rodar o extenso Mato Grosso, à época uno. De repente, a população correspondeu às propostas e Pedro Pedrossian foi eleito governador.

Ele admite que foi mordido pela dúvida de como administrar um Estado, ciente de que as suas decisões teriam reflexo direto na vida das pessoas. “Tomei uma decisão simples, vou fazer uma revolução na educação, em todos os níveis. Os jovens que procuravam universidade iam para fora. O Estado era exportador de matéria-prima e inteligência. Implantamos duas universidades. As obras realmente importantes foram do nosso tempo”, salienta.

Pedro Pedrossian foi governador de Mato Grosso entre 1966 e 1971. Em 1980, foi nomeado para comandar Mato Grosso do Sul, posto que retomou em 1991, quando foi eleito nas urnas.

Longe de mandatos, ele não fica longe da política, apesar da tentativa de aproveitar temas mais prosaicos, como bons filme e peças de teatro, acompanha de perto o noticiário nacional. Na corrida presidencial, vê com entusiasmo o discurso de Eduardo Campos (PSB), “neto do [Miguel] Arraes”.

Mais perto, a análise é sobre a atuação do prefeito Alcides Bernal (PP). Para Pedrossian, o político que venceu eleição com chapa pura, ou seja, sem coligações, deve apostar em duas vertentes para ter um bom desempenho.
“Saúde e transporte coletivo, atacando essas coisas, ninguém tira ele de lá”, afirma, ao comentar a possibilidade de perda de mandato do prefeito. Ele lembra que Campo Grande tem boa qualidade de vida e situação financeira. “Dá para pintar de ouro isso aqui”.

Se uma vida política tão longa deixa ressentimento? Ele garante que não. “Se disser que sou um homem sem mágoas, pode acreditar. Não que estou parecendo um santo, mas a vida tem que ser tratada de outra forma”, diz, dono de uma trajetória que avança por oito décadas.

Porém, um adversário político parece não ter sido esquecido. Basta o nome do ex-governador Wilson Barbosa Martins vir à baila, para o clima esquentar. “O Wilson foi péssimo governador, homem de esquerda. De esquerda fui eu que fiz casa e colocava em nome da mulher, fiz universidades, hospitais. Ele não foi um bom governador”, dispara, fiel ao estilo que começou a nascer em 13 de agosto de 1928, numa casa na cidade de Miranda, a 45 metros da ferrovia.

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