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Aneurisma cerebral é silencioso e atinge 2% da população mundial

Gazeta Esportiva - 24 de junho de 2017 - 11:00

Geralmente congênito, o aneurisma cerebral pode permanecer silencioso e se formar lentamente ao longo dos anos, aumentando e deixando a parede da artéria cada vez mais fina. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a incidência é de 2% na população mundial.

“Embora os tratamentos sejam muito eficazes, os riscos são grandes. Aproximadamente, 50% dos pacientes morrem nos primeiros 30 dias do rompimento do aneurisma ou, o que é pior, antes mesmo de dar entrada em algum serviço de pronto atendimento”, explica o neurocirurgião especialista no assunto, Dr. Luiz Daniel Cetl.

Para esclarecer as principais sobre aneurisma cerebral, o neurocirurgião listou algumas informações importantes. Quanto maior a conscientização da população leiga, melhores serão as ações de prevenção, o diagnóstico e o tratamento. Confira:

1. O que é um aneurisma cerebral?

Aneurisma cerebral é uma dilatação de uma porção de um vaso cerebral, em geral causado por uma falha na camada muscular das artérias. Essa falha, em geral, é congênita, embora o aneurisma leve anos para se desenvolver a partir disso. Muito raramente, lesões infecciosas e traumáticas podem levar a situações semelhantes, mas, em alguns casos, isso possa ser considerado pesudoaneurismas.

2. Quais são os sintomas?

O aneurisma cerebral é assintomático antes de romper. Exceções, e de forma muito rara, são os casos de aneurismas gigantes, que podem comprimir estruturas cerebrais e, aí sim, ser sintomático. Por ser assintomática, a doença costuma ser identificada acidentalmente, quando são realizados exames para outras queixas do paciente e, a partir desta identificação, é possível determinar o procedimento e o tratamento adequados.

3. Dor de cabeça pode ser uma indicação de aneurisma cerebral?

Existem inúmeros tipos de dor de cabeça, a maioria primárias, sem uma causa definida. A dor de cabeça do aneurisma cerebral é mais forte e súbita, o paciente tem rigidez na nuca, perda de consciência, febre e vômitos. Em alguns casos, pode ter também sinais e/ou sintomas neurológicos, como perda de força, sensibilidade, coordenação ou equilíbrio e dificuldade para falar.

4. Quais exames podem detectar um aneurisma cerebral?

Está sendo estudada a criação de rotinas de diagnóstico, mas que ainda não evoluíram devido à complexidade de identificação em exames mais comuns de imagem. No entanto, a angioressonância pode ser uma das indicações para a identificação da doença, embora não detecte 100% dos casos. A melhor alternativa para o tratamento ainda é a angiografia, uma técnica mais invasiva e de difícil introdução nos procedimentos de rotina, que deve ser realizada em sala equipada com um aparelho de raio X.

5. Qual tratamento?

Quando o aneurisma é diagnosticado a tempo, é indicada a sua monitoração, lembrando que aneurisma diagnosticado é aneurisma tratado. Detectado antes do rompimento, ou mesmo em casos de urgência/emergência, os procedimentos indicados são: endovascular (embolização) ou microcirurgia (cirurgia aberta com auxílio de microscópio cirúrgico). O objetivo de todo tratamento é excluir o aneurisma da circulação sanguínea, evitando-se assim a ruptura e o sangramento, que pode ser fatal em 25% dos casos.

6. Como funcionam os procedimentos?

A realização da embolização se dá através de cateterismo, por angiografia cerebral digital, quando uma mola é colocada na região interna do aneurisma cerebral. Através da introdução de um cateter na artéria femoral na região inguinal (coxa) é possível chegar até o aneurisma no cérebro.

Existe ainda a possibilidade de parte do aneurisma não ficar completamente isolado, podendo ocorrer um crescimento no futuro e, consequentemente, na recidiva, ser mais difícil de ser tratado.

Outra técnica é a microcirurgia para clipagem do aneurisma, através do qual se utiliza um microscópio cirúrgico para a abertura do crânio, com visualização do aneurisma, afastamento cerebral e a colocação de uma delicada peça metálica (clip) no colo do aneurisma para bloquear a circulação do sangue no cérebro, evitando um novo sangramento.

7. Estatísticas do Aneurisma Cerebral:
Estatísticas apontam que um aneurisma cerebral apresenta em média 1% a 2% de risco de ruptura ao ano. O problema é que a rotura de um aneurisma, apesar de incomum, é um evento dramático. Cerca de 15% dos pacientes morrem antes de conseguirem chegar ao hospital; 50% com aneurisma roto morrem dentro do primeiro mês da ruptura; aproximadamente 30% dos pacientes com ruptura de aneurisma têm déficits de moderados a severos e, estima-se que, entre 8 a 20%, são dependentes de auxílio para atividades diárias. E vale destacar ainda que em torno de 65% dos pacientes com aneurisma roto que puderam ter os aneurismas tratados com sucesso não retornam ao mesmo nível de qualidade de vida de antes do sangramento.

Embora não se possa antever um aneurisma cerebral, algumas mudanças de comportamento ajudam na prevenção, como praticar atividade física com frequência, ter uma boa alimentação, eliminar o tabagismo e, pelo menos, reduzir o etilismo, além de manter as doenças crônicas controladas, como a hipertensão, o diabetes, o colesterol, entre outras.

Dr. Luiz Daniel Cetl é referência no tratamento das epilepsias, aneurisma cerebral e tumores cerebrais. Especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), membro do grupo de tumores do Departamento de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e integrante da Associação dos Neurocirurgiões do Estado de São Paulo (SONESP). Atua ainda como preceptor de cirurgia de tumores cerebrais no Departamento de Neurocirurgia da Unifesp.

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