O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), anunciou nesta tarde que a Lotesul (Loterias de Mato Grosso do Sul ) vai ser extinta. A decisão foi tornada pública vinte dias após o STF (Supremo Tribunal Federal) editar uma súmula vinculante invalidando leis estaduais que regulem jogos de azar. Apesar de fazer o comunicado só agora, o governador disse que determinou a extinção da Lotesul logo após a edição da súmula pelo STF, por considerar que a Lotesul, que fiscalizava e arrecada dinheiro vindo dos jogos de azar no Estado, perdeu sua função de existir.

Ao ser indagado se o governo encontrou irregularidades no órgão, que chegou a ser comandado, na administração passada, por Benedito Nunes Farias, a partir de indicação de um dos chefes da máfia dos caça-níqueis, Puccinelli disse que "todos os órgãos" passaram por auditoria depois que assumiu a administração, em janeiro, mas desconhece o resultado específico da Lotesul.

O governador informou que recebeu ontem o último relatório das auditorias feitas e que vai sentar para discutir o conteúdo com o procurador-geral do Estado, Rafael Coldibelli.

Reportagem de ontem do Campo Grande News apontou que a Lotesul foi dirigida por um homem de confiança de Nilton Cézar Servo, Benetido Nunes Farias, entre janeiro e fevereiro de 1999, no primeiro ano da administração de Zeca do PT.

A reportagem apurou que Farias foi tirado da função por pressão das organizações concorrentes de Servo, que também são apontadas como responsáveis pelas denúncias que ajudaram a Polícia Federal a deflagrar a operação Xeque-Mate, que resultou na prisão de Nilton Cézar Servo e de mais 25 pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada por envolvimento com a exploração de caça-níqueis. Benedito Farias não está entre essas pessoas.

A ligação entre ele e Servo é comprovada em um processo que envolve os dois, na década de 90, para investigar o crime de descaminho de café para o Paraguai, na época um crime comum.

Sem função - A Lotesul, segundo a lei estadual derrubada pelo STF, era a responsável por autorizar o funcionamento de bingos e loterias, e recolhia parte do dinheiro arrecadado. Os bingos estão fechados, por determinação da Justiça, e as loterias que existiam foram suspensas, pela decisão do STF, que entrou em vigor no dia 6 de junho, com a publicação no Diário Oficial.

Como as leis estaduais não tem mais validade, na prática ela deixa de ter função, como afirmou o governador hoje. O órgão funciona na rua 14 de Julho em Campo Grande, e não tem um diretor específico atualmente. O comando está a cargo do secretário de Fazenda, Mário Sérgio Lorenzetto, desde o início do governo Pucinelli.