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Ampliar conhecimento sobre diarréia por rotavirose

APn - 12 de setembro de 2004 - 07:55

Considerado uma das causas mais comuns de diarréia grave na infância, o rotavírus é responsável por cerca de 20% dos óbitos por doenças diarréicas e de 5% do total de óbitos entre crianças com idades inferiores a 5 anos, particularmente nos países em desenvolvimento.

No Brasil, os primeiros casos de rotavírus foram descobertos em 1976, mas ainda é necessária a realização de estudos complementares e específicos sobre seu real impacto no País. Nesse sentido, desde o ano passado, o Ministério da Saúde desenvolve o projeto Vigilância Epidemiológica das Gastroenterites por Rotavírus no Brasil: determinação do impacto da doença.

“A nossa meta é conhecer melhor a ocorrência de casos de rotavirose no País, para apoiar a adoção de medidas de prevenção e controle”, afirma o coordenador-geral das doenças transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do ministério, Eduardo Hage Carmo.
Inicialmente, foram realizados sete cursos de capacitação em monitorização das doenças diarréicas agudas (MDDA) e em vigilância epidemiológica do rotavírus para profissionais de saúde. “Aproximadamente, 150 pessoas já realizaram esses cursos”, destaca Eduardo Hage.

As ações de vigilância epidemiológica estão sendo implementadas em municípios-piloto em pelo menos um estado de cada região do País. Nesses municípios, a partir do atendimento de crianças menores de 5 anos com diarréia na rede de assistência, serão coletadas amostras de fezes para identificação dos agentes etiológicos responsáveis.

As amostras que resultarem positivas para rotavírus serão submetidas aos métodos de biologia molecular para identificação das cepas predominantes. Com a realização dessa detecção ao longo do ano, será possível estimar a importância desses agentes na ocorrência de diarréias em crianças nesta faixa etária, bem como estabelecer qual a época do ano em que ocorre maior proporção de casos de diarréia por rotavírus.

A consolidação da vigilância epidemiológica para rotavírus em todo o Brasil permitirá a identificação precoce de surtos de diarréia provocados por esses agentes e a adoção de medidas adequadas de prevenção e controle.

O trabalho também envolve a produção de insumos para o diagnóstico da infecção pelo rotavírus. Isso é feito por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ), que os distribui aos laboratórios centrais de referência em saúde pública dos sstados (Lacens). Esses laboratórios contam com pessoal capacitado para realização de exames que possibilitam a detecção do vírus.


A doença

Descoberto em 1973 por Bishop et al, o rotavírus recebeu esse nome por ser de formato circular. Sua transmissão dá-se de diferentes maneiras. O vírus é eliminado em grande quantidade nas fezes de pacientes infectados e propaga-se por meio das micropartículas que ficam nas mãos, água, alimentos ou objetos contaminados. Estima-se que para cada mililitro de fezes existam um trilhão de rotavírus. Outra possível via de transmissão é a respiratória, por meio de aerossóis.

O período de incubação da doença varia de um a três dias. Os principais sintomas são vômitos, febre e diarréia líquida constante, que, se não tratada, pode levar a uma grave desidratação no paciente. “O importante é evitar a desidratação para que a doença não evolua para o óbito”, observa Eduardo Hage.

Mesmo sendo mais comum em crianças menores de 5 anos, o rotavírus também pode atingir adultos, principalmente mães, funcionários de berçários e creches e profissionais de saúde. Esse vírus vem sendo considerado, em todo o mundo, o principal responsável por surtos de diarréia em creches, pré-escolas e enfermarias pediátricas.

Nas regiões onde as estações são bem definidas, o vírus se propaga com mais facilidade no inverno, não tendo preferência por área urbana ou rural. Sua transmissão é mais comum nos locais onde se tem um maior aglomerado de pessoas. As regiões onde as condições socioeducacionais são precárias e o saneamento é inexistente ou insuficiente são as mais atingidas.

O diagnóstico da doença é realizado por meio da história clínica do paciente, antecedentes epidemiológicos e exame clínico. No entanto, a confirmação laboratorial é fundamental, já que a diarréia por rotavírus pode apresentar as mesmas características de outros agentes etiológicos.

O tratamento é baseado na reidratação dos pacientes. Eles são avaliados por meio de exame clínico que identifica o grau de desidratação causado pela doença. Se for detectada uma desidratação leve, é recomendado o uso do soro de hidratação oral na própria casa do paciente. Se for moderada, é indicado também o soro via oral, mas sob observação médica. Já em casos mais graves, é feita aplicação do soro na veia do paciente. O tratamento inclui ainda o aumento da ingestão de líquidos. “Esse tratamento foi estabelecido e padronizado pela Organização Mundial da Saúde”, ressalta Eduardo Hage Carmo.


Higiene é fundamental para prevenir a doença

Mãos sujas, alimentos e objetos contaminados são as principais formas de se contrair o rotavírus. Por isso, cuidados de higiene são fundamentais para a prevenção. É preciso lavar as mãos com sabão antes e depois de ir ao banheiro. No caso dos profissionais de berçários e de enfermarias pediátricas, esse procedimento deve ser realizado sempre após a troca de fralda das crianças.

É necessária a desinfecção de frutas e verduras, devendo-se utilizar a medida de uma colher de sopa de hipoclorito de sódio em um litro de água e deixar em imersão por 30 minutos. O hipoclorito é distribuído gratuitamente pelo SUS.

“Mesmo que a criança esteja com diarréia, o aleitamento materno deve continuar, pois é uma das mais importantes formas de prevenção das doenças diarréicas agudas”, ressalta Eduardo Hage Carmo.


Governo avalia aplicação de vacina

As informações produzidas pela rede de vigilância epidemiológica subsidiarão a definição sobre a possível indicação de uso de uma vacina contra rotavírus. Além dessas informações, serão consideradas a conclusão dos estudos sobre a eficácia da vacina, desenvolvidos pelos laboratórios produtores, e a avaliação de sua segurança.

Aspectos operacionais também serão levados em conta nessa definição. Entre eles, o número de doses necessárias e o custo da vacinação. Essa discussão vai ser travada a partir dos próximos meses, quando serão avaliadas as perspectivas de adoção de uma nova vacina no calendário vacinal.

“O Ministério da Saúde encomendou um estudo de custo/efetividade sobre cinco vacinas para, a partir do resultado, selecionar uma que será introduzida no calendário de vacinação brasileiro”, afirma a coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunização da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério, Maria de Lourdes Maia. Segundo ela, estão sendo avaliadas as vacinas meningocócica conjugada, pneumocócica conjugada, contra o rotavírus, a hepatite A e a varicela. A pesquisa está sendo realizada pela Universidade de São Paulo (USP). “A previsão é incluir a nova vacina no calendário de 2005”, adianta Maria de Lourdes.

Agência Saúde

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