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Alta:Incidência de acidentes de trabalho com pescadores

Agência Notisa - 15 de junho de 2005 - 14:41

Os acidentes do trabalho constituem um importante problema de saúde pública no Brasil, já que, por acometerem principalmente pessoas jovens e em idade reprodutiva, acarretam, além de sofrimento para os trabalhadores acidentados e seus familiares, graves conseqüências sociais e econômicas. A atividade pesqueira é uma das profissões mais perigosas existentes, à medida que expõe seus trabalhadores a uma série de situações de risco todos os dias, como possíveis naufrágios, temporais e encontro com espécies perigosas de animais. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista e da Universidade Estadual de Campinas resolveram analisar a incidência de acidentes de trabalho entre pescadores profissionais artesanais da região do Médio Rio Araguaia (TO), estabelecendo sua relação com fatores sócio-econômicos e ocupacionais.

Para a população de estudo, foram selecionados 92 pescadores profissionais artesanais com registro na Associação dos Pescadores de Araguacema, cidade situada às margens do Rio Araguaia. De acordo com artigo publicado na edição de maio/junho de 2005 da revista Cadernos de Saúde Pública, os dados foram coletados por meio da utilização de questionários semi-estruturados.

Os pesquisadores verificaram que 56 pescadores relataram ter sofrido no mínimo um acidente de trabalho nos últimos seis meses. A incidência total foi de 85,9% ao ano. Segundo eles, a estimativa de proporção de incidência de acidentes do trabalho apresentada é altíssima. “Estudos sobre incidência de acidentes laborais entre trabalhadores urbanos costumam apresentar estimativas em torno de 5,0% ao ano, já corrigida a subnotificação e incorporando as ocorrências no mercado informal da economia”, afirmam.

As principais causas de acidentes foram as lesões por animais do ambiente aquático, que perfizeram um total de 86,0% dos casos, seguidas pelos cortes com facas ou tesouras e pelas lesões provocadas por anzóis. Em relação ao horário de maior incidência, houve um equilíbrio entre os três períodos, manhã, tarde e noite. As partes do corpo mais atingidas foram os membros superiores e inferiores. No entanto, apesar da grande quantidade de acidentes, apenas 12,5% dos pescadores procuraram alguma unidade de saúde para tratar as lesões. A maioria fez algum tipo de tratamento popular.

No que diz respeito à situação previdenciária dos entrevistados que mencionaram ter sofrido acidente, a equipe constatou que apenas 1,8% estava com suas contribuições e documentações em dia: “os demais pescadores disseram não estar totalmente cientes sobre seus direitos e obrigações previdenciárias”.

Vale ressaltar a importância de os profissionais terem acesso a informações sobre seus direitos. Além disso, são necessários programas educativos que levem em consideração suas condições de vida e de saúde. Só assim, será possível reduzir a alta incidência de acidentes de trabalho no local e permitir uma melhor qualidade de vida aos pescadores.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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