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Alta de até 150% nas terras trava negociação de imóveis

Fernanda Mathias/Campo Grande News - 07 de julho de 2008 - 13:05

O mercado de imóveis rurais de Mato Grosso do Sul vive um momento de paradoxo. Ao passo em que as terras nunca foram tão procuradas, os negócios estão travados porque a forte valorização faz com que os interessados, em geral grupos estrangeiros, repensem os investimentos.

Hoje o hectare de soja em uma região como de Maracaju chega a custar R$ 15 mil, quando há um ano estava na casa dos R$ 6 mil, um aumento de 150%. A informação é do corretor de imóveis e engenheiro agrônomo Eugênio Peron, que é referência no mercado, em que atua há 15 anos e afirma que nunca viveu um momento como este. Enquanto a equipe do Campo Grande News esteve no escritório dele o telefone praticamente não parou de tocar.

A valorização das terras é resultado de um conjunto de fatores, mas em resumo reflete o que aconteceu com o que elas produzem. No caso da soja, a saca de 60 quilos era vendida a um ano a R$ 25,00 e dobrou de valor. A relação de preço em uma região como a de Maracaju e Dourados é de que cada hectare valha 300 sacas. Terras para soja que estão com pastagem valem 200 sacas o hectare.

A pecuária também assistiu à decolagem do preço da arroba bovina, puxando o valor das terras. Neste caso, são duas situações. Áreas de cria, como por exemplo, na região de Ribas do Rio Pardo, são cotadas entre R$ 2,5 mil a R$ 3 mil o hectare e as de cria, na região de Miranda, Aquidauana, Bonito e Bodoquena, entre R$ 3,5 mil e R$ 5 mil.

Alimentos – A procura acelerada por terras no Centro-Oeste, decorre de um conjunto de fatores. Além do aumento do preço do boi e da soja, a aceleração da produção industrial, a preocupação mundial com alimentos e as boas condições climáticas e de solo fizeram do Brasil um celeiro e as regiões que ainda dispõe de terras ficaram visadas.

Hoje já é difícil encontrar grandes áreas nos padrões procurados por investidores, por isso uma alternativa, segundo Perón, é agrupar fazendas próximas e que atendam às necessidades do projeto do grupo. “Nenhum investidor chega falando em menos que 50 mil hectares”, diz.

Estes investidores estrangeiros são integrantes de grupos e fundos americanos, australianos, gregos, asiáticos e europeus, com grandes projetos voltados ao setor agropecuário.

Se por um lado a perspectiva de negócios milionários são animadoras, de outro trata-se de um trabalho de fôlego. Eugênio Perón exemplifica que há vários casos de investidores com os quais negocia, alguns há mais de ano, sem contudo que o negócio seja fechado. O resultado disso é o empenho de muito tempo de trabalho e também dinheiro para custear viagens.

Isso porque o processo é demorado, envolve reunião de acionistas, estudo de viabilidade e rentabilidade e taxa de retorno. Muitas vezes a troca de diretores dos fundos e acionistas faz com que negociações de meses voltem à estaca zero. "Os negócios menores, que são mais rápidos, são o que sustenta a atividade", explica o corretor de imóveis.

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