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Algodão: depois da crise, vai ganhar o mundo

Kelly Oliveira/ABr - 18 de outubro de 2003 - 04:01

Para quem importava algodão há menos de uma década, a situação brasileira agora está para lá de boa. Aparecem, inclusive, oportunidades de exportar o produto. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, vai participar do Congresso Internacional de Algodão na China, no final deste mês, e tentar convencer os possíveis compradores da qualidade do algodão brasileiro.

O salto qualitativo e quantitativo na produção é notório. Deve-se, essencialmente, à tecnologia empregada. A expansão da produtividade, que passou de 1.056 quilos por hectare na safra 90/91 para 3.010 quilos por hectare em 2002/03, aumento de rendimento de 185%, permite ao país alçar vôos maiores, ou seja, exportar. No ano passado, as vendas externas do setor chegaram a 185 mil toneladas, sendo que 36% dos embarques foram para a Ásia, 35% para Europa, 27% para América Latina e 2% para outros mercados.

O grande pólo da cotonicultura - cultura do algodão - é o Centro-Oeste, que responde por 83% da produção. Segundo o pesquisador da Embrapa Algodão, Napoleão Beltrão, a região é a maior produtora de algodão sequeiro - que depende da regularidade das chuvas - do mundo. Além do Centro-Oeste, a cultura foi difundida em estados como a Paraíba, Maranhão e Bahia, que tem clima propício. No mundo, 65% dos países dependem de irrigação, o que eleva os custos.

O pesquisador conta, ainda, que o investimento em novas tecnologias permitiu ao Brasil ser um dos primeiros produtores de algodão colorido. Em 2000, foi produzido o algodão com fibra marrom e dois anos depois, o verde. “No próximo ano, teremos a fibra vermelha”, adianta Napoleão. A história do algodão colorido data da época dos incas e astecas. “Depois da extinção desses povos, perdeu-se a técnica de cultivo do algodão colorido. Mas depois dos últimos 14 anos de pesquisas, conseguimos, por meio da seleção das plantas, produzi-lo novamente”, explica. O preço do algodão colorido é de 30% a 40% mais elevado do que o produto comum, o que representa bons negócios para os cultivadores brasileiros no mercado exterior.

O diretor da Associação Nacional de Exportação de Algodão (Anea), Marco Antônio Aluísio, afirma que, com o investimento em novas técnicas de produção do algodão, no final da década de 90, foi possível estimular a expansão do setor no mercado exterior. “Apartir de 2000, o Brasil passou a produzir excedentes exportáveis”, afirma Marco Antônio. Atualmente os produtores brasileiros estão vendendo o algodão com antecedência, ou seja, antes de colher, segundo o diretor da Anea. “Com isso, os produtores brasileiros passam a ter maior confiança para exportar”, afirma Marco Antônio.

Para a indústria têxtil, a economia com a utilização do algodão colorido está na tintura do tecidos. Segundo o pesquisador Napoleão Beltrão, o custo é reduzido de 5% a 18%, visto que não é necessário utilizar corante. Economiza-se também os 200 litros de água necessários para tingir cada quilo de tecido.

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