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Alexadre Prado: O que Michael Jackson deixa?

Alexandre Prado* - 26 de junho de 2009 - 10:40

Dia 25 de junho de 2009. Esta é a data que entrará para a história. Neste dia, morreu Michael Jackson. Muitos, me incluo, ainda estão se perguntando se é verdade que o rei do pop, como era conhecido, está mesmo morto. É um tipo de notícia que causa dúvida quando se ouve pela primeira vez, talvez porque não queremos mesmo que seja real. Parecemos programados a duvidar de certas verdades, ao menos até o momento de encará-las. E ela é triste.
Michael Jackson era um artista único. Nascido no interior dos Estados Unidos, fez sucesso precocemente com a banda The Jackson 5 que formava com outros quatro irmãos. Desde cedo, Michael se destacava por seu carisma e voz. Como principal vocalista, cantava, dançava, fazia o contato com a platéia e emprestava seu enorme talento a um grupo de músicos medianos. Em 1972, lançou seu primeiro disco solo, Got To Be There. Mas foi na década de 1980 que o artista alcançou o topo da música: o disco de 1984 Thriller, que trazia sucessos como Beat It e Billy Jean. A partir deste momento, a história da música pop começou a ser reescrita.
Um artista da envergadura de Jackson precisa se reinventar a todo o momento. No início da década de 1980 a música deixou de ser ouvida. A criação da MTV fez com que o som passasse a ser visto, com a era dos videoclipes inaugurada. Bandas como Duran Duran gravavam clipes sensuais, em lugares exóticos e foram o primeiro grupo a se beneficiar das câmeras. Michael Jackson ingressou na era dos videoclipes de maneira arrasadora, gravando o espetacular clipe de Thriller. Os zumbis, os artistas, as coreografias, a produção, enfim tudo espantou o mundo. Jamais na história dos clipes haverá algo como Thriller.
Mas o que faz de Michael Jackson o artista que ele é (foi)? Respondo rápido: sua música. Em momento algum de sua carreira faltou a ele vontade de fazer melhor. Afora sua vida pessoal, que não me interessa, foi um artista único, um divisor de águas, criando um estilo de ser e de dançar em todos os lugares do planeta. Embalou a juventude oitentista com músicas e coreografias inesquecíveis, fez shows apoteóticos, arrastou multidões por onde passou e, acima de tudo: foi e será eternamente um músico.
Michael Jackson foi um ser humano, de carne e osso. A áurea mítica criada em cima do artista fez dele prisioneiro de seu próprio sucesso, provocando esteriótipos diversos sobre alguém que simplesmente queria fazer música. Ele se vai, e o que fica são seus trabalhos, os momentos nos palcos, nos estúdios e nos sets de gravação. Ficam para a eternidade as coreografias repetidas até hoje, a enorme influência de Michael sobre músicos de diversas gerações, a qualidade que ele fazia questão de imprimir em seus trabalhos, a criatividade de alguém que ousou ousar numa época dos anos de 1980 onde se dava mais atenção à aparência do que a musica. Michael uniu os dois, qualidade e aparência e mostrou ao mundo uma outra face da esfera musical: o espetáculo de imagens em perfeita sintonia com sua música.
Jamais na história haverá outro artista como Michael Jackson. Sua unicidade sempre será relacionada aos espetáculos que proporcionou e à reinvenção musical que influenciou toda uma geração. Mas ficará, acima de tudo, a lembrança de uma pessoa comum que gostava de cantar e criar músicas, apenas isso.


Alexandre Prado*, professor e baterista de banda de rock

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