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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 31 de maio de 2012 - 18:43

Modos de falar

“Para vires à minha casa, é preciso que vires à esquerda quando vires o viaduto”. Essa frase acima, calcada numa das questões do vestibular da Fuvest, poderia perfeitamente ser dita em linguagem corrente de outra maneira: ‘Para você vir à minha casa, é preciso virar à esquerda ao ver o viaduto’. Para nós, no falar cotidiano, essa segunda maneira é a mais inteligível. Os verbos estão no infinitivo, no caso, infinitivo pessoal, pois eles se flexionam de acordo com o sujeito (para vocês virem à minha casa...).
A primeira forma, porém, é a da linguagem culta. Na primeira oração (‘para vires à minha casa’) o verbo ‘vir’, no infinitivo pessoal, está flexionado na segunda pessoa do singular (para [tu] vires); na segunda oração, o ‘que’ exige a conjugação do verbo ‘virar’ no presente do subjuntivo (‘é preciso que [tu] vires’); e na terceira, a conjunção ‘quando’ reclama o verbo ‘ver’ no futuro do subjuntivo:(‘quando [tu] vires o viaduto’).
Existem três modos de se expressar um acontecimento através do verbo: o da informação objetiva, da certeza, ou modo indicativo; o da hipótese, da dúvida, da vontade, ou modo subjuntivo; e o do pedido, conselho ou ordem: modo imperativo.
O modo subjuntivo (do latim subjunctivus = subordinado, dependente) indica um fato ligado à idéia de ordem, de desejo, de vontade, de súplica, de condição, de subordinação.
Na segunda oração do exemplo que abre este comentário, há uma idéia de subordinação (‘é preciso que vires’), de ordem atual, presente: presente do subjuntivo; na terceira oração (‘quando vires o viaduto’), o verbo está expressando um fato (condição) que está por ocorrer: futuro do subjuntivo.
O subjuntivo presente é um tempo verbal derivado, isto é, formado a partir do presente do indicativo. Sem a terminação ‘o’, da 1ª pessoa do singular dos verbos da primeira conjugação que é substituída por ‘e’, e, por ‘a’, nos da 2ª e 3ª conjugações, obtém-se o tema para todas as pessoas do presente do subjuntivo: eu viro (viro-o = vir; vir + e = vire, que eu vire, que tu vires, que ele vire, etc.) Dessa regra excetuam-se os verbos ‘haver’ (que eu haja, que tu hajas, que ele haja), ‘ser’ (que eu seja), ‘estar’ (que eu esteja), ‘querer’ (que eu queira), ‘saber’ (que eu saiba), ‘ir’ (que eu vá), e ‘dar’ (que eu dê).
O futuro do subjuntivo é formado a partir da conjugação de outro tempo. Conjuga-se na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito o verbo que se pretenda levar ao futuro do subjuntivo e tirando-se dele suas duas últimas letras (am), obtém-se a 1ª pessoa do singular do futuro do subjuntivo: eles viram (-am = vir: quando eu vir, quando tu vires, quando ele vir, etc.).

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