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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 30 de julho de 2010 - 09:44

Os “porquês”.

Perguntam-me sempre sobre os ‘porquês\'. Quando é conjunção. Substantivo ou interjeição; quando os elementos que compõe a palavra são escritos juntos ou separadamente etc. Já falei sobre isso nesta coluna. Repito, agora com pequena atualização.

Não é a existência (ou a ausência) de um ponto de interrogação que determina deva a palavra ´porque’ ser escrita com os elementos unidos ou separados, e ter ou não acento circunflexo. Fala-se isso como se fosse regra gramatical, mas não é verdadeiro. Pessoas há, apegadas à gramática francesa e outros, à inglesa, que defendem que o porque interrogativo deve ser grafado diferentemente do porque explicativo, separando-se os termos, porque assim o é em francês (porquoi- parce que) e em inglês (why e because).

O ‘por que’, separado e sem acento, é uma expressão que se usa com a significação de pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por qual e por quais, e é ou um pronome relativo (representa um nome - pessoa ou coisa - já dito anteriormente) ou um advérbio interrogativo de causa.

Observação: O por que (sem acento) é um termo inicial ou intermediário da oração; quando for termo final, levará acento circunflexo no “quê”.

Este o caminho por que (pelo qual caminho) devo passar (pronome relativo);

Jamais fiquei sabendo as razões por que (pelas quais razões) ela não veio (pronome relativo).

Por que chegaste cedo? (por que = causa, advérbio: interrogação direta);

Não sei por que chegaste cedo (por que = causa, advérbio: interrogação indireta).

Já o “porque” é escrito em uma só palavra, quando for uma conjunção causal, isto é, uma explicação ou causa do que se afirma:

“Eu canto porque o instante existe. E a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste:/ Sou poeta” (Cecília Meireles: “Motivo”);

Atrasei-me porque meu carro quebrou.
“Porque eu sei que é amor / Eu não peço nada em troca / Porque eu sei que é amor / Eu não peço nenhuma prova” (Banda Titãs, composição de Sérgio Brito e Paulo Miklos.)

Outra observação – Uma maneira prática para se saber se o ‘porque’ é escrito junto ou separadamente, é verificar a possibilidade de substituir o ‘que’ por ‘qual’ ou ‘quais’. Sempre que possível, é obrigatória a separação.

O “porquê” é acentuado quando estiver substantivado e expressar causa, motivo, razão:

Ninguém sabia o porquê de tanta confusão;
Isso era o porquê ele sempre se atrasava;

“Todo porquê tem um portanto” (Shakespeare: “A comédia dos erros”, ato II, Palavras de Drômio).

O “por quê” (separado), repetindo, leva acento quando estiver no final de uma oração e significar motivo ou razão:

Ele desapareceu e ninguém soube por quê (por qual motivo, por qual razão).

E por que é acentuado? Porque é um monossílabo tônico terminado em e. “Ele tem um quê de intelectual”.(substantivo); “O quê! Você ganhou? (interjeição).

Os monossílabos terminados em a, e e o, seguidos ou não de “s”, são acentuados quando tônicos: vê, dê, fé, pé, mês; ás, cá, hás, má; pó, pô, só, Jó, Jô, pôs etc..

Quando esse ‘que’ for dito com emissão de voz fraca e pronunciado como se fosse um ‘qui’, é um monossílabo átono e não leva acento. Geralmente precisa apoiar-se no acento tônico do vocábulo que lhe segue:

“A mão que afaga é a mesma que apedreja” (Augusto dos Anjos, Versos Íntimos). “Quero que você me aqueça neste inverno” (Roberto e Erasmo Carlos).

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