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Geral

Alcides Silva - Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 30 de março de 2007 - 10:32

Conceitos que o vento levou...

Vale repetir que a língua é dinâmica e está em permanente ebulição: palavras são criadas quase que cotidianamente; vocábulos são esquecidos todos os dias. Mudam de sentido freqüentemente.
Arame, durante algum tempo, significou ‘dinheiro’ e aramudo, endinheirado; argola de laço alguém muito bruto, ignorante, estúpido.
Batatada não é só uma grande quantidade de batatas, mas, também, palavras sem sentido, bobagens, disparates.
Cafundó representava um lugar muito distante, ‘no fim do mundo’; cambito, as pernas finas; a expressão esticar os cambitos, ‘morrer’.
Capanga é designativo de valentão de aluguel, guarda-costas, porém por muito tempo, bolsa de pano ou couro, carregada a tiracolo ou na mão.
Chapa figurou como sinônimo de dentadura postiça; conga, de tênis.
Degas substituía o pronome ‘eu’; quem a empregava referia-se a si mesmo: Cá o degas não cai na esparrela. ‘Cair na esparrela’ é deixar-se lograr; deixar-se pegar; cair no logro; cair no anzol; ser pego de surpresa; ir na onda.
Enxerido é aquilo que está colocado dentro de algo; enchimento. No passado, significou pessoa curiosa que se mete naquilo que não é de sua conta.
Estrupício que é o nome que se dá à coisa complicada, esquisita, denominava a pessoa que atrapalhava os outros, desastrada; estrovenga, sinônimo de estrupício, qualquer coisa cujo nome se desconhecia.
Fubica tanto a pedra nº 1 do jogo de víspora (hoje, bingo), como o carro velho, estragado, calhambeque. Uma variante é fumbica.
Fuleiro, como adjetivo, é a qualificação que se dá a um objeto sem valor, ordinário, mas já foi nome de cinema pulguento, vagabundo.
Futrica é o amontoado de coisas velhas, de trastes sem valor, mas no meu antigamente, a fofoca, o fuxico, a impertinência.
Fuzarca no início foi uma dança popular tipo “arrasta-pé” ou ‘gafieira’. Como em baile popular é comum a ‘confusão’, o ‘chega-prá-lá’, o ‘pega pra capar’, o tumulto; no passado, queria dizer bagunça, desordem, confusão.
Lambança não só foi um serviço mal feito, mas também ‘vagabundagem’, ‘intriga’, ‘mexerico’, ‘diz-que-diz’.
Lambisgóia já designou a mulher enxerida, antipática, intrometida e, depois, a pessoa bem magra.
Plasta era a pessoa inútil, moleirona. De emplastro ou emplasto chamava-se a pessoa importuna, cacete.
Porta-seios foi o nome primitivo do sutiã.
Serelepe, originariamente nome de um roedor (cutia, esquilo), na minha infância era a pessoa apressadinha, irrequieta.
Xexé, de primeiro, uma figura do carnaval, um mascarado de casaca, calção e meias; depois, designava o idiota; xexelento, derivado de xexé, o nome que se dava ao cara chato, nojento, implicante.

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