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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela

Alcides Silva - 28 de outubro de 2010 - 14:08

Presidente ou presidenta?

Ao fim do soporífero “horário eleitoral gratuito”, restam aos governados em geral dúvidas e pontos obscuros sobre os respectivos programas de governo e a falada transparência política dos candidatos presidenciais deste segundo turno. Aliás, as incertezas já nascem nos designativos “presidente” e “presidenta” com que são tratados.
Já andei falando disso numa Inculta e bela quando discorri a respeito das palavras designativas do macho da onça e da fêmea do jacaré, denominando-as de onça macha e jacaré fêmeo.
Como todos os adjetivos também aqueles termos se flexionam de acordo com o gênero do substantivo a que se referem. Ora, o feminino de macho é macha, assim como o masculino de fêmea é fêmeo. A baleia, a barata, o besouro, a borboleta, a coruja, a formiga, o gavião, a mosca, o pernilongo, a pulga, a rã, o rouxinol, o sapo, a tartaruga, o tatu, o tigre, o tubarão, como a onça e o jacaré daquela Inculta e bela são substantivos epicenos. Explicam os velhos e revelhos ‘Serões Gramaticais’, de Ernesto Carneiro Ribeiro, obra de 1890, que “se são irracionais os seres que os nomes designam, empregam-se os adjetivos macho e fêmea para distinguir os sexos, dizendo-se o rouxinol macho, o rouxinol fêmeo; a cobra macha, a cobra fêmea; a onça macha, a onça fêmea; ou então substantivando-se as palavras macho e fêmea se diz o macho da cobra, a fêmea da cobra, o macho da onça, a fêmea da onça, o macho do jacaré, a fêmea do jacaré”.
Há autores que, por questão de eufonia, não admitem a flexão dos adjetivos macho e fêmea. Isso porém, na linguagem moderna, é sexo de anjo.
Os substantivos invariáveis que designam pessoas de um ou de outro sexo são chamados de sobrecomuns ou comuns de dois gêneros.
Quando necessitam somente do artigo (o, a ou um e uma) para definir se masculinos ou femininos são chamados de comuns de dois: o agente, a agente, o artista, a artista, o colega, a colega, o cliente, a cliente, o dentista, a dentista, o estudante, a estudante, o gerente, a gerente, o imigrante, a imigrante, o intérprete, a intérprete, o jovem, a jovem, o jornalista, a jornalista, o pianista, a pianista, o protestante, a protestante, o selvagem, a selvagem, o servente, a servente e outros mais.
Já, quando tendo um só gênero gramatical para designar tanto as pessoas do sexo masculino como as do feminino, se necessitar de um especificador, o substantivo será sobrecomum: o algoz, o apóstolo, o indivíduo, o carrasco, a criança, a pessoa, a testemunha, a vítima. Para designar o sexo, diz-se o algoz feminino, a criança masculina, a testemunha Maria, a testemunha José. E dessa maneira, também músico: Os músicos femininos da orquestra usam saias.
Papa também é substantivo masculino; o feminino, papisa. O Vaticano teve a poderosa madre Pasqualina, guardiã de Pio XII (1939-1958). Era uma freira alemã e acompanhou o cardeal Pacelli desde o tempo em que ele fora núncio em Berlim. Foi sua governanta e secretária. Era ela quem protegia o Papa das bactérias (com desinfetantes) e dos indesejados (fechando a porta). Diziam que era poderosíssima e, por isso, ganhou o apelido de “Papisa”. Foi dispensada por João XXIII.
Para terminar: Presidente é substantivo masculino. O feminino é presidenta que tanto pode ser a mulher que preside como a mulher de um presidente. Nada há de errado dizer A presidenta do Clube das Mães - A presidenta da Liga das Senhoras Católicas - A presidenta da Câmara Municipal - A presidenta da República.

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