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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

28 de março de 2008 - 17:00

Primeiro de abril
Como lembrado na coluna da semana passada, o equinócio de março (igual duração do dia e da noite, normalmente dia 21), marca o começo da Primavera no Velho Mundo (Outono, nas Américas). Antigamente a primavera (printemps, em francês, spring = nascer, em inglês) era tida como início do ano.
Conta Reinaldo Pimenta, em “A Casa da Mãe Joana 2” (Editora Câmpus, Rio, 2004, p. 184), que o calendário fora mudado pelo imperador Júlio César (Gaius Julius Cesar), no ano 46 a.C., mas que houve muita resistência dos povos de então, principalmente depois do cristianismo, em razão do início do ano começar num mês cujo nome era dedicado a Janus, uma divindade pagã.
Há muitas explicações para o 1º de abril ter se transformado no Dia da Mentira ou Dia dos Bobos. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. O Calendário Juliano alterou o início do ano. Até então, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril, quando se realiva a troca de presentes do Ano Novo.
Em 1582, o papa Gregório XIII, aconselhado por astrônomos, obteve o acordo dos principais soberanos católicos e, através da bula ‘Inter gravissimas’, de 24 de fevereiro, decretou a reforma do calendário, que passou, em sua homenagem, a chamar-se “gregoriano”, aliás, o mais perfeito e utilizado até hoje.
Em 1584, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX, de França, determinou que o ano novo fosse comemorado no dia 1º de janeiro. O édito não caiu bem e a maior parte da população plebéia resistiu à mudança e continuava seguindo o calendário antigo, pelo qual o ano se iniciaria em 1º de abril. A elite começou a ridicularizar os renitentes, enviando-lhes presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries (= gracejos, mofas).
Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool's Day, ou “dia dos tolos”; na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d'aprile e poisson d'avril, o que significa literalmente "peixe de abril".
No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou "A Mentira", um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. "A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.
Maurício Fruet, ex-prefeito de Curitiba e ex-deputado federal, era especialista em passar trotes. Em seu tempo era considerado o parlamentar mais brincalhão, espirituoso e gozador da Câmara dos Deputados. Um exemplo contado pela revista ‘Isto é, São Paulo’, edição de 9 de setembro de 1998, quando da morte do deputado: imitando a voz do governador do Paraná, Fruet ‘convocou’ uma falsa reunião urgente e sigilosa de todo o seu secretariado para o final da noite daquele dia (31 de março). Havia 15 dias que Requião tomara posse. Os secretários, sem entender nada, passaram toda a madrugada no Palácio Iguaçu, aguardando a presença do governador para dita reunião. Na manhã seguinte, dia 1º, o deputado fez chegar a informação de que aquilo era uma troça, um Primeiro de Abril.

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