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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela

Alcides Silva - 27 de janeiro de 2011 - 15:01

Verbo
“Senhor! Eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva!” No meu tempo de coroinha, essa profissão de fé do Centurião do Evangelho, invocado como ato de penitência quando na missa os fiéis se preparam para a comunhão, era dito em latim: “Domine, non sum dignus, ut intres sub tectum meum...” Mas, voltando ao vernáculo, essa oração tem os três modos em que se apresenta um verbo: o indicativo (sou digno, será salva), o subjuntivo (entreis) e o imperativo (dizei). Três modos cuja nomenclatura aprendemos (!) na escola mais na base da decoreba, muitas vezes sem o respectivo significado.
Vamos recordar?
Verbo é palavra que exprime ação, estado ou fenômeno e possui terminações variáveis com que se distinguem a pessoa da fala (eu, tu, ele), o respectivo número (singular ou plural), o tempo (presente, passado ou futuro), o modo da ação ou estado (real, possível etc.) e a voz (ativa, passiva ou reflexiva).
Chama-se modo a forma que o verbo toma para indicar a atitude (de certeza, de dúvida, de súplica ou de mando) da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia.
Quando a ação do verbo for real, certa, positiva (“minha alma será salva”), o modo é o indicativo. Quando for a expressão de um desejo ou apresentar o fato como possível ou duvidoso, uma hipótese (“de que entreis em minha morada”): o modo é o subjuntivo. Finalmente, quando representar uma ordem, um conselho, uma súplica, uma exortação (“dizei uma só palavra”): o modo é o imperativo.
Na linguagem de hoje, o imperativo é empregado mais como uma exortação, conselho, convite ou súplica, que ordem ou comando.
Enunciado no tempo presente (só se pode dar uma ordem ou fazer um pedido no momento em que se fala ou se escreve), a ação que ele exprime está por ser praticada, tem valor de futuro: “dizie uma só palavra e minha alma será salva”.
A formação do imperativo obedece a um esquema fixo: no caso das formas afirmativas, torna-se a segunda pessoa do presente do indicativo ou do presente do subjuntivo (tu e vós), conforme for o caso, excluindo-se o s final.
A formas negativas vêm do presente do subjuntivo
Tomemos o verbo dizer no presente do indicativo: eu digo, tu dizes, ele diz, nós dizemos, vós dizeis, eles dizem.
Presente do indicativo: tu dizes - vós dizeis
Imperativo afirmativo: dize - dizei
Da mesma forma, peguemos esse verbo no presente do subjuntivo: que eu diga, que tu digas, que ele diga, que nós digamos, que vós digais, que eles digam.
Presente do subjuntivo: tu dizes - vós dizeis
Imperativo afirmativo: diga tu - digai vós
Imperativo negativo: não digas - não digais
A entoação da voz e a omissão do pronome pessoal, além da exclamação, são alguns dos modos de se reconhecer, na fala, a forma imperativa: “Perdoai nossas ofensas” e o leitor, a nossa chatice!

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