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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela

Alcides Silva - 20 de janeiro de 2011 - 15:09

Férias
Na antiga civilização romana havia um dia de repouso em honra aos deuses-lares. Os povos antigos cultuavam seus mortos, divinizando-os. Como aquele dia era de oferendas aos antepassados e elas eram levadas ao altar doméstico em uma padiola (em latim feretrum), esse dia de repouso passou a ser chamado de feriae ou feriatus (= o que está em descanso). De dia de descanso, o feriatus evoluiu para dia de festas, quando a população comemorava, inicialmente, as vitórias bélicas e depois, qualquer conquista ou acontecimento importante.
Nesses dias de festas, povo na rua, era comum os mercadores irem à praça pública vender suas mercadorias. E a féria, de significação religiosa, virou feira, de conotação comercial. Daí féria significar, também, no sentido mercantil, o dinheiro das vendas realizadas em um dia ou em determinado período.
Os romanos davam aos dias nomes de deuses mitológicos (astros divinizados): Dies Solis, Dies Lunae, Dies Martis, Dies Mercuri, Dies Iovis, Dies Veneris, Dies Saturni.
Ao depois, no século III da era cristã, o imperador Constantino, com a reforma do calendário, acrescentou o nome feria (pronúncia com o e aberto): Prima feria, secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria, sexta feria e septima feria. No século seguinte, o prima feria foi substituído por Dominicus dies (dia do Senhor) e o septima feria, por Sabbatu, porque nesse dia, então considerado o último da semana, os primeiros judeus cristãos se reuniam para orar. Sabbatu deriva do hebraico shabāt, que significa \"descanso,\" \"cessação,\" ou \"interrupção\" e é o sétimo dia da semana dedicado à oração e ao descanso, relembrando o sétimo dia original da semana no qual Deus descansou após os seis dias de Criação do universo (Gênesis 2:1-3), que culminou com a criaçao do homem e depois disto do dia de sabado que tambem santificou, tendo prescrito sua guarda no quarto mandamento da Lei de Deus, como relatado em Exodo 20.
Em sueco e dinamarques sábado é o Lördag, dia do banho.
Venícius de Moraes poetou o sábado, no delicioso poema “O Dia da Criação”, que assim termina: ” ... o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo /E para não ficar com as vastas mãos abanando / Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança / Possivelmente, isto é, muito provavelmente / Porque era sábado.”
A língua portuguesa foi a única a manter a palavra feira nos nomes dos dias da semana. Por metátese, o ‘féria’ do secunda à sexta passou a ser feira.
O espanhol, o italiano, e o francês, línguas românicas, conservam, ainda, vernaculizados, os nomes primitivos, de evocação aos astros que seriam deuses mitológicos: Lunae, Martus, Mercuri, Ioves e Veneris.
Na língua inglesa e na maioria das do grupo germânico, os nomes dos dias da semana, também conservam a antiga significação mitológica: Sunday (sun= sol + day= dia); Monday (moon=lua); Tuesday (Tiu’s day) Tiu, deus germânico da guerra, correspondente a Marte, deus da guerra romano; Wednesday (Woden’s day) Woden, deus anglossaxão, equivalente ao germânico Odin, correspondente a Mercúrio; Thursday (Thor’s day) Thor, deus germânico do trovão, correspondente a Júpiter (Iovis); Friday (Freya’s day) Freia, deusa da mitologia germânica, correspondente a Vênus (dies Veneris, dia de Vênus); Saturday (Saturn’s day) (dies Saturni).

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