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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 19 de outubro de 2007 - 06:44

Partícula apassivadora

Depois de reduzir a taxa Selic por 18 encontros seguidos, na quarta-feira (17) o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu mantê-la em 11,25% ao ano pelas próximas seis semanas, não diminuindo, assim, a taxa oficial dos juros.
Verifique: O governo não diminuiu a taxa dos juros;
A taxa dos juros não foi diminuída pelo governo.
Na primeira oração, o sujeito ‘governo’ pratica ação: é o agente (sujeito agente); na segunda frase, o sujeito ‘juros’ não pratica a ação verbal, mas a recebe: é o paciente (sujeito paciente).
A voz de um verbo é determinada pelo caráter ativo ou passivo do sujeito:
Sujeito agente (voz ativa): O comércio espera boas vendas no fim do ano.
Sujeito paciente (voz passiva): Boas vendas são esperadas pelo comércio no fim do ano.
A voz passiva pode apresentar-se de duas formas:
Passiva analítica (com locuções verbais, isto é, verbo auxiliar mais particípio): O voto A taxa dos juros não foi diminuída;
Passiva sintética (com o pronome apassivador se ) A taxa dos juros se mantém estável
Emprega-se o pronome apassivador se em duas situações: 1º- quando o sujeito for um ente inanimado e, conseqüentemente, incapaz de praticar a ação verbal; 2º- quando o sentido da oração mostrar que o sujeito é apenas paciente.
Na oração Alugam-se ranchos à beira do Lago, o sujeito ‘ranchos’ é inanimado e incapaz de praticar a ação indicada pelo verbo. Igualmente, dentre outros, em Vendem-se casas e Consertam-se móveis.
É sabido que estando o sujeito no plural, o verbo também irá para o plural. Assim ão é correto dizer-se aluga-se ranchos (pois, ranchos –sujeito plural, exige verbo no plural: são alugados), vende-se casas (casas são vendidas), conserta-se móveis (móveis são consertados).
Além dessa função apassivadora, o pronome se pode exercer na oração outras funções e indicar:
a- reflexibilidade acentuada, aliás, uma das principais funções desse pronome, que indicar que o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação indicada pelo verbo: O menino feriu-se soltando pipas;
b- reflexibilidade atenuada, quando acompanha verbos nominais essenciais: Queixou-se de ter lutado em vão. O se perde o valor real de objeto direto, exercendo essa função de modo aparente. No exemplo, o se não indica propriamente a ação verbal sobre o sujeito. Mas uma ação que fica no sujeito sem passar para um objeto. No exemplo, o se indica reflexibilidade por força do próprio verbo e não em virtude do sujeito;
c- reciprocidade, quando o pronome se, numa oração de sujeito composto, indica correspondência de ação: Romeu e Julieta amaram-se ardorosamente – Eles odeiam-se de ódio mortal
d- impessoalidade, quando,. na oração, o verbo não tem sujeito determinado: Perde-se horas a fio nas filas do SUS.
Uma observação importante: em português, verbos que pedem preposição não admitem voz passiva. Assim, na frase Precisa-se de operários o verbo fica no singular, porque o sujeito do verbo precisar não é operário. Quem precisa, precisa de alguma coisa (objeto indireto). Operários, no exemplo dado, é complemento (objeto indireto) do verbo precisar.

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