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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, Inculta e bela!

Alcides Silva - 18 de dezembro de 2009 - 05:23

Frases ouvidas no dia-a-dia:

a – “Tomei uma guaraná gelada”
O correto é “Tomei um guaraná gelado”, pois guaraná (do tupi uaraná) é substantivo masculino. O hábito de usar essa palavra no gênero feminino nasceu possivelmente do fato de a maioria dos refrigerantes consumidos no Brasil terem nomes femininos: Pepsi, Sprite, Fanta, Cocacola,Cotubaina, Suquita, etc.
b – “A cerveja desce redondo”.
Para muita gente a massificante propaganda que há uns dez anos se ouvia e se via diariamente estaria errada, porque sendo cerveja palavra feminina, o correto seria redonda. Errado está quem assim pensa.
Não é cerveja que é redonda, mas o modo como ela desce. Trata-se, pois, de uma forma adverbial. E os advérbios, denotando uma circunstância de lugar, de tempo, de modo, de intensidade, de negação, de dúvida e de afirmação, segundo a “Nomenclatura Gramatical Brasileira”, são palavras invariáveis, permanecem em forma neutra, geralmente correspondente à do masculino: “A moça dança rápido”. “Rápido” e não “rápida” é o modo como a moça dança. “A mulher falava alto” e não falava alta. Rápido e alto são advérbios e por isso não concordam com os termos que lhes antecederam (moça, mulher).
Assim, “a cerveja desce redondo”, principalmente quando a vontade é bastante e o calor deste chuvoso varão, que se inicia na segunda, 21, ajuda.
c – “Ele é de menor e eu sou de maior”.
Ninguém é de maior ou de menor. Pode ser menor de idade ou maior de idade, menor ou maior, mas não de menor ou de maior. No caso, menor, maior são predicados nominais e o verbo empregado é de ligação (funciona apenas como um elo entre o sujeito e seu predicativo), não admite preposição. “Ele é alto (de altura acima da média).
d – “Antônio namora com Maria”.
Namorar é cortejar, galantear, sentir interesse por, apaixonar, cativar, atrair. É verbo transitivo direito e não admite preposição. Não se necessita de nada para o namoro, a não ser o objeto amado, no caso do Antônio, a Maria. Quem namora o faz diretamente e sequer gosta de “vela”, isto é, de alguém “segurando a vela”. A ação expressada pelo verbo namorar transita, isto é, passa, diretamente para o complemento (objeto direito). O certo então é “Antônio namora Maria”.
e – “Desculpem a nossa falha”.
Quem desculpa, desculpa alguém de alguma coisa e quem pede, solicita-a a alguém. “Desculpar”, no sentido de relevar ou absolver, é verbo transitivo direito e indireto. A ação transita para outros elementos da oração direta e indiretamente em por isso, o verbo requer simultaneamente objeto direto e objeto indireto para completar-lhe o sentido. Assim, o correto é “Desculpem-nos da nossa falha”. “Desculpe-me de minha ignorância”.
Já “desculpar”, com a significação de conceder perdão ou justificar, é verbo transitivo direito: “Não desculpo os maus políticos”. “Não desculpo certos apresentadores da televisão”. “Desculpe o mau jeito”, fala a língua correta do povo.

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