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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela

Alcides Silva - 18 de setembro de 2008 - 07:10

Língua portuguesa, inculta e bela
Alcides Silva
O cedilha

Na ortografia da língua portuguesa o cedilha é um sinal gráfico, colocado embaixo da letra c, indicando o valor sonoro do s inicial (também o de dois ss intercalados): massa (matéria pastosa) - maça (clava, arma > maço Antigamente era um pequenino z que se colocava entre a consoante e a vogal sempre que se empregava o C maiúsculo (C z ingapura). Depois tomou a forma de uma vírgula (C,amorim= antigo rei da Índia)
O cê cedilha não existia no latim. A grafia atual teve origem na escrita gótica medieval ʒ. A utilização do sinal gótico é devido à limitação do alfabeto latino. Houaiss informa que seu emprego data do século XI. É uma invenção ibérica.
Usado antes de a, o e u e, em português nunca inicia palavra. Nem ele e nem os dois ss.
A presença do cê cedilhado nas palavras portuguesas originárias do latim não é arbitrária: segue algumas regras.
Antes, porém, deve ser lembrado que são três os sistemas ortográficos: o fonético, o etimológico e o misto. O fonético busca a grafia de acordo com o som que as letras produzem, como acontece no grego clássico, onde cada letra corresponde a um som. Seria o ideal, se as línguas não tivessem tradição histórica. O etimológico procura a aproximação da forma atual com a original, caindo, na maioria das vezes, num pretenso cultismo e em falsas etimologias. O processo misto, no caso, guardando as tradições gráficas do português, simplifica e racionaliza uniformizando, além de unir, no que há de melhor, os dois outros processos.
Assim, a escrita na língua portuguesa é etimológico-fonética, o que significa que nossas palavras são escritas de acordo com sua origem (etimologia) e com o som que as letras produzem (fonética).
Congenitamente, a língua portuguesa é latina. Boa parte de nossas palavras veio de Roma, embora nem sempre tenha conservado a mesma grafia.
A evolução para a língua portuguesa seguiu algumas regras, que tentarei simplificar: 1º- toda vez que em latim a palavra tinha dois ss, eles foram conservados em português: passaru (pássaro), comitissa (condessa), compromissuum (compromisso), colossum (colosso) ; 2º- o c português ou vem de um c latino: facies (face); ou da sílaba ti: fortia (força); 3º- quando antes da sílaba ti de uma palavra escrita em latim existia uma vogal, a palavra em português passou geralmente a ter cê cedilhado justitia (justiça) – gratia (graça); 4º- o ci precedido por uma vogal virou z; facie (faz).
Como já disse, não há uma regra geral. São muitas as palavras cuja escrita gera dúvida. Não adianta o decoreba. Assim como existe a palavra sessão, temos também, seção, secção e cessão. Sessão é o tempo que dura uma reunião, uma assembléia, um espetáculo: sessão da Câmara, sessão do cinema; seção é a parte de uma coisa que foi cortada ou dividida: seção de protocolo, seção de classificados, seção de legumes, seção de livros infantis, seção de roupas, etc.; secção tem o mesmo sentido de seção, mas em geral é empregada para expressar corte, incisão, amputação ou setor: delegacia seccional; e, por fim, cessão vem de ceder, significando transferência de posse, concessão de vantagem, dar algo para alguém.
Por fim, toda palavra não originária do latim e que tiver o som de esses entre vogais, é escrita com cê cedilhado antes de a, e, ou u: açúcar, açu, babaçu, cabaça, cachaça.

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