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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva/O Jornal de Santa Fé do Sul - 17 de setembro de 2004 - 16:52

Mal – Mau
“Maltratar é infligir maus tratos”, segundo você lê no Aurélio e aí fica-lhe a dúvida: quando é mal e quando é mau?
1 – Mau (adjetivo, do latim malus) é o contrário de bom (também adjetivo, do latim bonus): É um mau aluno (É um bom aluno) – Esse é o lado mau da vida moderna (Esse é o lado bom...) – Se mau humor não o leva a nada (Seu bom humor...) – São más as notícias que vêm de lá (São boas as notícias...) – Artigo de má qualidade (Produto de boa qualidade) – Ele tem má fama (Bom nome).
2 – Mal (advérbio, do latim malum) é o contrário de bem (também advérbio, do latim bene): Ele está mal vestido (Ela está bem vestida).
3 – Mal, como substantivo singular, significando doença, problema, defeito, prejuízo: Aquele mal é incurável – Não há bem que sempre dure e mal que não tenha fim – seu mal é comentar o passado – Fulano teve um ligeiro mal-estar.
4 – Como substantivo composto, com significações distintas: Malmequer (mal+pronome oblíquo me + a 3ª pessoa do presente do indicativo do verbo querer) Bem-me-quer (Com hífen, pois assim o requer a pronúncia).Malmequer (= detestar) Bem-querer (=amar).
5 – Quando advérbio será sempre mal (do latim male): O que ele ganha mal dá para pagar o armazém – Seu estado de saúde é muito mal.
6 – Como conjunção temporal, significando logo que, apenas, assim que, quando: Mal saí de casa, começou a chover (Logo que saí de casa...; assim que saí...; quando saí..; apenas saí...)
7 – Mais bem – Mais mal – Melhor – Pior Ele é o mais bem vestido dos presentes – Aquele é o mais mal acabado dos vestidos. Ele é o que está melhor vestido dos presentes – Aquele vestido é o pior.
Melhor e pior servem de comparativo dos adjetivos bom e mau e dos advérbios bem e mal. Explica Napoleão Mendes de Almeida: “Há quem sempre escreve melhor informado, melhor acabado, etc., mas razões não há que fundamentem esse invariável proceder; pode-se, perfeitamente, dizer: mais bem informado, mais bem acabado, podendo-se de igual maneira dizer mais mal feito, mais mal escrito em vez de pior feito, pior escrito”.
Muitas vezes as formas analíticas (mais bem e mais mal) são muito mais harmoniosas e expressivas que as formas sintéticas (melhor e pior): Ele é o mais bem vestido e o melhor dos alunos; aquele é o pior dos panos e o mais mal acabado dos vestidos.
Uma regrinha simples: junto a verbos, forma sintética (escrevo melhor; dormi pior); antes de adjetivo, forma analítica (Ela, agora, está muito mais mal falada que antes; foram os dias mais bem vividos que já passei).
Observação final – Nunca escreva ou diga – nem por brincadeira – “mais pior”, “mais melhor”, “mais maior”, ou “mais menor” porque pior, melhor, maior e menor são adjetivos comparativos de superioridade e já exprimem, como comparativo, o grau máximo do vocábulo.

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