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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 17 de julho de 2008 - 17:26

“Pegadinhas”

Pegadinhas são surpresas que determinadas situações podem ocasionar, ou ‘peças’, isto é, engano, ludibrio, zombaria, logro ou embuste de que podemos ser vítimas, muitas vezes sem o querer. Na televisão, já fizeram sucesso as ‘Pegadinhas do Faustão” e o Táxi do Gugu”, dentre outros arremedos, também de notório mal gosto.
A língua que falamos e que escrevemos constantemente nos prega peças. Usamos termos ou construções que, a maioria das vezes, têm sentido contrário daquilo que tentávamos expressar. É por exemplo, o caso da frase “fundilhos da rodoviária” usada em uma peça acusatória, a que me referi no artiguete da semana passada. Olha aí: neste parágrafo usei duas vezes a palavra “peça” com dois significados totalmente diferentes e, por isso, fácil de constituir o tal ludibrio.
No momento, lembro-me destas ‘pegadinhas da língua’, aliás, muito comuns:
“Em princípio” ou “a princípio”
O emprego das preposições não é arbitrário. Se eu disser “Em princípio sou contra a pena de morte” estarei exprimindo uma posição filosófica, religiosa, definitiva. Todavia, se disser “A princípio sou contra a pena de morte” estarei me referindo a uma posição momentânea, mutável.
Em princípio pode ser substituído pelas locuções “em tese”, “em teoria”; a princípio, pela expressão “num primeiro momento”.
“Ao invés de” ou “em vez de”
Ao invés de significa “ao contrário de”; “em vez de”, “em lugar de”. “Invés” é o oposto, o avesso, o contrário: “Dei-lhe uma boneca e ao invés de agarrá-la, jogou-a ao chão”. “Em vez de” indica substituição ou troca: “Em vez de ir à aula, foi ao cinema”. Observação muito importante: nunca escreva ao envevz de. Essa palavra não existe.
“Deixa eu ver” ou “deixe-me ver”
Os verbos bastar, deixar, faltar, fazer, mandar, ouvir, restar ou sentir quando acompanhados de infinitivos não admitem pronome do caso reto (eu, tu, ele, etc.), mas somente os oblíquos (me, mim, te, ti, o, a, lhe, etc.). Como a forma verbal expressa um pedido ou uma ordem, o modo é o imperativo afirmativo e o correto é deixe-me ver.
O imperativo afirmativo é formado da seguinte maneira: não existe a primeira pessoa do singular, porque ninguém dá uma ordem ou faz um pedido a si mesmo: as segundas pessoas são as mesmas do presente do indicativo, suprimindo-se apenas o “s” final, as demais pessoas são as mesmas do presente do subjuntivo; o imperativo negativo é inteiramente formado pelo presente do subjuntivo, antecedido pelo advérbio “não”:
“De modo que”
O correto é de modo que, de forma que, de maneira que” e não ‘de modos que’, ‘de formas que’ ou ‘de maneiras que’.
“Porventura”
É sinônimo de acaso e escrito numa palavra só. “Por ventura” não existe.
“Nada a ver”
Nada haver não existe. O correto, pois, é “nada a ver”.

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