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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 12 de novembro de 2009 - 06:45

“Apagão”
A versão oficial está nos empurrando aos tempos de antigamente, quando o fornecimento de emergia elétrica era intermitente, e uma marchinha de carnaval dos anos 50, da dupla Vitor Simon e Fernando Martins, entoava a irresponsabilidade na prestação de serviços públicos essenciais: “Cidade que nos seduz / De dia falta água / De noite falta luz.”
O governo apontou três culpados pelo apagão desta semana. Raios, chuvas e ventos. Trovejou forte sobre a cidade de Itaberá. interior de São Paulo, um município onde se interligan linhas de transmissão abastecidas por Itaipu.
“No Brasil, "há a maior concentração desses fenômenos [climáticos], e nessa região mais ainda", disse Lobão. O titular da pasta de Minas e Energia acrescentou: “Houve um curto-circuito nos três circuitos que vêm de Itaipu". Nada, porém, que leve à perda do sono. "O sistema do Brasil é bom”, Lobão fez questão de enfatizar. “Uma das máquinas perfeitas que a humanidade criou é o avião... ... E o avião também cai. Houve um acidente e vamos esperar para que não mais ocorram".
Lula em entrevista, apressou-se em diferenciar o seu apagão do blecaute de FHC. Em 2001, explicou, “a gente não produzia energia suficiente”. Hoje, “duas coisas estão certas: não faltou geração de energia e o problema não foi de falta de linha [de transmissão], porque elas estão interligadas”.
Como hoje, o governo anunciava que os “pesados investimentos” que aplicara na área de geração de energia elétrica eram suficientes para atender toda a demanda, mesmo que a previsão do crescimento tivesse sido superestimada. Os dias foram chegando e discursos marotos e pinoqueanos tentaram engabelar a sociedade, atirando à falta de chuvas a imprevidência governamental. E veio o racionamento, ao qual se denominou de “apagão”, um barbarismo léxico que significava grande apagamento geal das luzes, coisa que durante a Segunda Guerra dera-se o nome de blecaute.
“Barbarismo” é o emprego de palavras estranhas na forma ou na idéia. Quanto à forma, barbarismo é a escrita (ou pronúncia) incorreta do vocábulo; dizer previlégio por privilégio; poblema por problema; mortandela por mortadela etc. Barbarismo quanto à ideia é o uso desnecessário de termos estranhos ou de significação estranha à língua: echarpe por lenço, demarches por entendimento; cast, por elenco etc.)
Quando necessária a palavra nova ela é denominada de neologismo. O termo apagão, se continuar faltando luzes aos que nos governam, com o passar do tempo e novos racionamentos será considerado neologismo, pois seu uso habitual lhe conferiu o status de palavra dicionarizada.
O neologismo é sempre uma palavra nova e pode ser criada na própria língua (apagão do substantivo apagamento) ou adaptada de palavras de outro idioma criada na própria ‘língua' (blackhout ( black – out= escuridão interior - clip=grampo, prendedor de papel – to delete= eliminar, apagar, destruir etc.
A língua, como produto da fala de uma comunidade idiomática é dinâmica, está em permanente elaboração e, por isso, palavras são formadas a todo momento, como “twitter” que é uma rede social de computadores e servidor para microblogs que permite aos usuários que enviem e leiam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets"), através da própria Web, por SMS e por softwares específicos instalados em dispositivos portáteis.
Todavia, as palavras não podem ser “fabricadas” arbitrariamente. Antes de tudo, deve ser necessárias e formadas conforme a estrutura gramatical da língua.
“Apagão” seria um caso de derivação por analogia morfológica. A lei do mínimo esforço acabará criando um novo substantivo, apago como sinônimo de apagamento. Daí apago + o sufixo aumentativo ao = apagão.

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