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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 10 de março de 2011 - 15:12

Lidando com porcentagens

Há uma noção básica, aprendida antes mesmo de se ir para a escola: o verbo deve concordar com o sujeito em pessoa e número: A primavera é a estação das flores. Os jogos começaram às quatro horas da tarde.
Quando, porém, se tratar da concordância do verbo com uma percentagem (forma paralela: porcentagem), algumas cautelas são necessárias:
1º- Sem especificador, isto é, sem nada que indique a que se refere a percentagem, o verbo concorda com esta: 1% votou – 2% votaram – 10% escolheram. (observação: de 1,1% a 1,99%, o verbo permanece no singular).
2º- Com especificador, o verbo pode concordar com ele, especificador, ou com a percentagem. Minha preferência é pela concordância com o especificador, que é mais eufônica: 25% da receita de impostos vai para o Ensino – 40% do eleitorado está ainda indeciso – 100% da população quer fim da violência – 25% dos impostos vão para o Ensino - 40% dos eleitores ainda estão indecisos – 100% dos moradores da cidade querem o fim da violência.
Especificador no singular, verbo no singular. Especificador no plural, verbo também no plural, essa é a regra geral.
3º- Quando o percentual é antecedido por um determinante, a concordância será feita com o determinante: Esses 25% da receita de impostos vão para o Ensino – A totalidade dos 25% dos impostos vai para o Ensino.
Observação: A forma erudita percentagem (do latim per centum) é a que tem prevalecido na norma culta. Todavia, porcentagem, que é um brasileirismo com grande curso e de origem correta (por + cento + agem), está se firmando como variante popular.

Não se deve (ou devem?) cruzar os braços
A partícula se pode ser apassivadora, isto é, levar a frase para a voz passiva e nesse caso a ação verbal recai sobre o sujeito: Alugam-se casas (=casas são alugadas)- Consertam-se bicicletas (Bicicletas são consertadas) – Vendem-se ovos (Ovos são vendidos).
O se apassivador de Não se deve cruzar os braços dá à frase a equivalência “Os braços não devem ser cruzados) e pela regra, o verbo irá para o plural.
Há uma exceção complicativa: verbos como dever, costumar, pretender, poder (e semelhantes) mais um infinitivo (deve cruzar, costuma acontecer, pretende fazer, pode ser), podem ser considerados locuções verbais. Daí, está corretíssimo considerar-se que o sujeito de deve é a oração cruzar os braços: Cruzar os braços não se deve (=não é devido).
Posto isso, Não se deve cruzar os braços e Não se devem cruzar os braços são duas formas possíveis e aceitas na língua-padrão.

Os presos é (ou são?) quem manda na cadeia
Os presos são quem manda na cadeia ou Quem manda na cadeia são os presos
O verbo ser é de ligação e pode concordar com o sujeito ou com o predicativo do sujeito. Se um estiver no plural e o outro no singular, a concordância é com o plural: O resultado do motim foram quatro mortos. Esses dados são parte do relatório divulgado pela Polícia.

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