Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sexta, 19 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 07 de abril de 2008 - 09:06

A aprovação do governo Lula

Os jornais da semana passada noticiaram nova rodada de avaliação do governo federal, que atingiu o nível mais alto desde a posse do presidente Lula em janeiro de 2003. Disseram os jornais: “O índice de pessoas que consideram o governo ótimo e bom atingiu 58%”. Lendo a notícia rapidamente fica no ar a dúvida. Qual o correto: “O índice de pessoas que consideram (ou considera) o governo ótimo e bom?
Veja a estrutura do período através da colocação verbo: quem considera é o bom índice de pessoas, isto é, um grupo de entrevistados, uma quantidade de cidadãos: “Bom índice” é singular. Agora, quem opinou foram as pessoas entrevistadas, os que deram o conceito. Ora, se o sujeito do verbo considerar (o índice ótimo e bom) é singular, o verbo logicamente fica no singular, como, da mesma forma, se o sujeito do verbo considerar (pessoas) estiver no plural, o verbo acompanha essa concordância.
Note que no período em análise, a palavra que é um pronome relativo – relaciona o termo antecedente ao posterior. Para saber se o termo “que” é pronome relativo, substitua-o por o qual, a qual, os quais, as quais:” Bom índice de pessoas que (as quais) consideram...” E lembre-se sempre do macete descomplicador: o termo antecedente ao pronome que é quem determina a variabilidade do verbo. Assim: O pessoal que dança no Absolut é jovem – Os jovens que dançam no Absolut são modernos. (“Absoluto” é o nome de uma danceteria de Santa Fé do Sul).
Tirando o que desse período, a concordância torna-se mais flexível, havendo gramáticos que defendem as duas formas, podendo-se dizer tanto “O pessoal dançante no Absolut é jovem”, quanto “Os dançantes do Absolut são jovens”. Voltando à vaca fria, isto é à pesquisa da semana passada: a predominância na linguagem culta é pelo verbo no singular, pois das pessoas quem considera o governo ótimo e bom é um bom índice, uma quantidade, um grupo.
A vírgula
A vírgula representa uma pausa, tanto no texto escrito como na leitura. Mas a recíproca não é verdadeira.
Sempre que aparecer o pronome relativo, a oração que ele integra é subordinada adjetiva, que pode ser restritiva ou explicativa.
Restritiva é a que limita, restringe a significação do termo antecedente tornando-se indispensável ao sentido essencial do período: “As uvas que ele produz são mais doces que as de meu quintal”. Aqui, não são todas as uvas que são mais doces que as do meu quintal, mas as “que ele produz”.
A explicativa representa apenas uma qualidade do termo antecedente, esclarecendo melhor a sua significação, sendo dispensável ao sentido da frase: “O céu que está nublado, indica que irá chover”. Eu poderia retirar do período a oração, “que está nublado” sem prejudicar o sentido da oração principal.
Se a oração for restritiva, ela se unirá à principal sem vírgula; e se for explicativa, haverá uma pausa na fala, pausa essa que na escrita é representada pela vírgula.

SIGA-NOS NO Google News