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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 07 de março de 2008 - 08:58

Parônimos

Embora de sons iguais, portanto homófonas, assessório e acessório têm grafia e significações diferentes. São parônimos (do grego parónymos = analogia de forma) como coser (costurar) e cozer (cozinhar), concelho (circunscrição administrativa) e conselho (opinião, reunião de pessoas a quem cabe opinar ou deliberar), descrição (ato ou efeito de escrever) e discrição (qualidade ou caráter discreto, que sabe guardar segredo, prudente, sensato), infligir (aplicar pena; causar dano) e infringir (violar, transgredir, desrespeitar), intimorato (sem temor) e intemerato (íntegro, puro incorrupto), salsa (erva aromática) e sarça (matagal), etc.
Não se preocupe, porém, com o estudo dos parônimos, pois os mesmos não foram incluídos na “Nomenclatura Gramatical Brasileira”, figurando nas gramáticas modernas apenas como referencial ou curiosidade histórica. E é com essa conotação o presente artiguete.
Assessório é adjetivo e tem a significação de ‘relativo ou pertencente ao assessor’ (assessor: pessoa que exerce atividade de apoio a alguém que lhe é superior; aquele que é adjunto a alguém; assistente; ajudante). Assessorial: (“Fulano tem atribuições assessoriais”). ‘Acessor’, escrito com a consoante ‘c’, é palavra que não existe na língua portuguesa.
Acessório, como substantivo, é aquilo que se junta ao objeto principal, ou é dependente dele; complemento, achega, pormenor, minúcia. Uma peça não necessária ao funcionamento de um veículo, mas que lhe dá beleza ou conforto aos passageiros, é um acessório. Como adjetivo, significa o que não é fundamental; secundário, aquilo que se acrescenta a uma coisa, sem fazer parte integrante dela; suplementar, adicional. Os termos acessórios de uma oração, por exemplo.
Ambas são de origem latina. Aliás, todas palavras que possuam dois esses intervocálicos têm raiz romana. Assessor é derivado de assessor, oris (ajudante, acompanhante, assistente). Acessório vem do latim medieval, através do verbo accedere (ajuntar, acrescer).
Açúcar vem do árabe as-sukar e, por isso, em português é grafada com ç. Igualmente soçobrar (do catalão sotsobrar, pelo esp. sozobrar) = naufragar, afundar, subverter.
O som da letra s em latim ora era ‘surdo’, ora ‘sonoro’, Estipulou-se, então, que na grafia do s intervocálico, o emprego da consoante geminada dar-se-ia quando o som fosse aberto, sonoro (pronúncia de ç ou c antes de e ou de i: pêssego, possuir sossegar) e da consoante simples, quando fechado, surdo (pronúncia de z: rosa, caso, coisa).
Qualquer que tenha sido a distinção primitiva entre as referidas letras, “certo é que s ou ss (entre vogais), ç ou c antes de e ou i, representam, em português moderno, um só fonema, a sibilante surda, decidindo-se a escrita pela etimologia, quando esta é fácil de apurar” (Said Ali, “Gramática Histórica da Língua Portuguesa”, edição da Universidade de Brasília, 1964, p. 49).

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