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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 03 de novembro de 2011 - 14:16

Conceitos diferentes
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O vocábulo ‘pensar’ além da acepção de meditar, refletir, raciocinar, em Portugal tem uma significação popular expressiva: pensar é “aplicar a uma ferida, (a pessoa ou animal que a tem), o curativo, os remédios necessários” (“Dicionário Prático Ilustrado”, de Jayme Séguier, publicação da Editora Lello & Irmão, Porto, Portugal, 1947). Penso, que no português do Brasil é exclusivamente forma verbal, lá, além disso, também é substantivo e, aí, é o nosso curativo; penso rápido é o ‘band-daid’ e penso higiênico é o absorvente íntimo, o tampão vaginal...
Nossa goma de mascar, o vulgaríssimo chiclete, lá se chama de pastilha elástica. Cangalheiro aqui é o condutor de carro-de-boi, o que leva os animais nas cangalhas; lá é o funcionário da funerária, aquele que dirige o carro fúnebre. Estendal é o nosso corriqueiro varal, onde se secam as roupas. Ficha é o plugue, a nossa tomada elétrica. O estilingue é a fisga; o apontador é o apara-lápis; o mouse é o rato; rato, tramelo; retalhos que sobram das costuras chamam-se gatos; gato, tareco, palavra que também serve para designar o sujeito irrequieto, buliçoso. Aqui, capachinho é um tapete pequeno, de fibras grossas, que se põe às portas, para limpeza das solas dos sapatos; lá, é o nome popular que se dá à peruca, à cabeleira postiça.
Carocha, que aqui é sinônimo de carapuça, lá é o besouro; melgas são os pernilongos (aqui o mosquiro-berne); a lagartixa preta tem o nome de sardanisca (no Brasil, a mulher deslambida); a lagartixa branca (a que vive grudada nas paredes) chama-se osga, palavra de origem árabe e que aqui significa asco, repulsa. Aliás, dessa língua originaram-se mais de mil palavras usadas tanto em Portugal, como no Brasil, principalmente as iniciadas por al. Por falar nisso, almeida, que no Brasil é sobrenome de ilustres famílias, em Portugal é o gari (no árabe, al-maida significa ‘guarda’). Alface (do árabe al-khass) lá também é verdura, mas alfacinha é o nome que se dá ao lisboeta.
Enchido é a lingüiça; chouriço não é aquele embutido feito com sangue de porco, gordura e temperos, mas o rolo de pano, cheio de areia, que se coloca por baixo da porta; por chouriço também é conhecido o nosso salaminho; piripiri (no Brasil, uma espécie de periquito, conhecido também como periquito-urubu), lá é a pimenta malagueta; pimento, o pimentão; ementa, o cardápio. No português que aqui se fala, ementa é o resumo, a súmua de uma decisão. Cachorro é o sanduíche aqui conhecido como cachorro-quente, mas também pode ser a peça que aparenta sustentar os beirais de telhados, as sacadas etc. (o animal lá é chamado de cão); sandes, palavra feminina e no plural, é o sanduíche.
Prefeitura lá chama-se Câmara, e prefeito, presidente da Câmara, que, aliás, é eleito pelo povo. Autarca é o funcionário municipal. Canalizador é o encanador; rabidante, o vendedor ambulante. Elétrico é o bonde; bonde, título de dívida ao portador.
Banheiro é o salva-vidas; casa de banho é o nosso banheiro, o lavatório; sanita é a privada, a dependência onde fica o vaso sanitário.
Cueca é o nome que se dá à calcinha; ceroilas, às cuecas. Cachucho é o anel de brilhantes; anel é o elo, a argola; argola, o brinco e, às vezes, tranca de porta.

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