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Alcides Silva: Língua Portuguesa, inculta e bela !

Alcides Silva - 30 de outubro de 2007 - 08:49

Língua Portuguesa, inculta e bela
Alcides Silva

Onde, aonde, quando
Está corriqueiro o emprego indiscriminado e aleatório dos termos onde, aonde e quando,como se tivessem um único significado, um sinônimo do outro: “Estamos no começo da primavera, onde é baixa a umidade relativa do ar”. Primavera é uma das estações do ano e não um “lugar” do ano. Assim, o emprego correto não é onde, que indica lugar, mas quando, que se refere a tempo: “Estamos no começo da primavera, quando é baixa a umidade relativa do ar”.
“Moro onde não mora ninguém/ Onde não passa ninguém / Onde não vive ninguém/ É lá onde moro” (sucesso de 1975, do compositor carioca Agepê). Quem mora, mora em algum lugar.
Onde indica permanência, um lugar físico. Observação importante: O onde somente pode ser empregado com a idéia de lugar - o lugar em que se está ou onde acontece um fato. Como é um advérbio - fundamentalmente modificador do verbo -, só pode ser empregado com verbos de movimento que exprimam estado ou permanência e que normalmente pedem a preposição em:
Onde estás? – Em casa. Onde é produzido o café? No cafezal (em + o).
Onde também indica inquietação:
“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? / Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes / Embuçado nos céus?/ Há dois mil anos te mandei meu grito,/ Que embalde desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?”...(Castro Alves: Vozes d’África).
Quando a preposição que antecede o "onde" é o "a", ocorre a combinação de "a" com "onde", que resulta na forma "aonde". "Aonde você vai?" (pois quem vai, vai a algum lugar, lugar a que). Aonde é a combinação da preposição a + onde. Indica movimento para algum lugar. Dá idéia de aproximação. Indica movimento para um destino e este é um local de pouca permanência. É usado com os verbos ir, chegar, retornar e outros que pedem a preposição a: Ela sabe aonde quer ir; eu não sei aonde vou.
Na linguagem oral, na fala coloquial, é pequena a distinção entre onde e aonde e pouco se nota do emprego irregular de qualquer uma dessas formas.
Outro emprego irregular é a substituição do aonde pelo quando:
“A reunião será na Câmara, quando falará o prefeito”.
Quando é advérbio de tempo ou conjunção temporal. Se a reunião será na Câmara (lugar com idéia de aproximação), o termo será aonde: “A reunião será na Câmara, aonde falará o prefeito”. “A boatinha é um lugar aonde só vai a juventude”: “vai”, verbo “ir”.
Se a reunião do exemplo acima fosse numa determinada hora ou determinado dia, aí poderíamos usar a circunstância de tempo: “A reunião será na Câmara, na segunda-feira, quando falará o prefeito”...
Quando é uma conjunção subordinativa temporal, indica uma circunstância de tempo, como mostra a belíssima canção “Primavera”, de Tim Maia:
“Quando o inverno chegar/ Eu quero estar junto a ti/ Pode outono voltar/ Que eu quero estar junto a ti/ Porque (é primavera) / Te amo (é primavera) / Te amo meu amor”.
Ou esta outra, de Ivete Sangalo:
“Quando a chuva passar / Quando o tempo abrir / Abra a janela / E veja: Eu sou o Sol... / Eu sou Céu e Mar”.

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