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Geral

Alcides Silva e o macete da acentuação

Alcides Silva - 25 de novembro de 2005 - 12:31

Língua portuguesa, inculta e bela!
Alcides Silva

O macete da acentuação

Tenho ouvido falar que a língua portuguesa é uma das mais difíceis do mundo e que por isso o brasileiro fala ou escreve mal. Entendo diferente. Ou ela é mal ensinada, o que é muito provável, ou mal aprendida. A língua materna nunca é intricada ou obscura.
Veja, por exemplo, o problema da acentuação gráfica das palavras, aqueles sinais –chamados de diacríticos - que são acrescidos a uma letra para conferir-lhe um novo valor fonético (alteração do som). No português, tais sinais são os acentos gráficos, a cedilha, o trema e o til.
No passado – faz quase cinqüenta anos -, num livrinho que tive a ousadia de publicar, escrevendo sobre acentuação gráfica das palavras de língua portuguesa, tentei descomplicar uma porção de regras então vigentes. De lá para cá, ocorreram algumas das mudanças. Já resumi nesta coluna, atualizado, aquele trabalho. Reproduzo-o novamente.
As palavras, quanto à acentuação tônica (sílaba de som mais forte), estão classificadas em oxítonas (as que têm maior realce na última sílaba: jacá, café, javali, jacu, jornal, também, falar, fuzis, cutex, rapaz; paroxítonas (cuja tonicidade está na penúltima sílaba: macaca, grave, júri, açúcar, automóvel, lápis, abdômen, fênix, ônus, jovem) e proparoxítonas (possuidor da antepenúltima sílaba como tônica: abóbora, árvore, ácido, titânico, vírgula, óculos).
Os acentos diacríticos (sinais gráficos) usados em português são: agudo (´) indica tonalidade aberta: papéis, avó; grave (`) indica contração: àqueles, àquilo, às; circunflexo (^) indica tonalidade fechada: titânio, avô, farmacêutico. (Obs. As vogais i ou u não podem receber acento circunflexo); til (~), simplesmente um sinal de nasalização: mãe, pão, corações.
Princípios gerais que regem a acentuação:
I - as palavras terminadas em a (as), e (es), o (os) e em (ens) são paroxítonas;
II - as palavras com outras terminações i (is), u (us), l, n, r, s, x e z são oxítonas;
IV – os ditongos são fechados
QUANDO NÃO, LEVAM ACENTO NA VOGAL CORRESPONDENTE
Exemplos:
a - amada - América – boêmia – jacá; e – cipreste - árvore – até; o – caderno- âmago – avô; em – aragem - também; ens – viagens - reféns - parabéns; i – guarani – álibi; u – tatu – jaú; l – jornal – imóvel – amável; r – escrever – açúcar – flor; s – Paris – lápis.
Hiato – Acentuam-se o u e o i tônicos que não formam ditongo com a vogal anterior: cafeína, país, raízes, juízes, instruído, atraído, conteúdo, ataúde, balaústre, saúva, viúva. Entretanto não se acentua o i seguido de nh (rainha) e o i ou o u que fizerem parte de outra sílaba: juiz, raiz, amendoim.
Observação importante: as normas de acentuação do ditongo e do hiato são invioláveis e prevalecem mesmo em conflito com outras regras. Daí não se acentuar o substantivo apoio e sim a forma verbal apóio, pois os ditongos, por natureza, são fechados: meu, (réu), reis (réis), foi (dói), etc.
Trema – Usa-se trema somente nos grupos qüe, qüi güe e güi quando não se constituem em monotongos (pronunciados numa única emissão de som – ex. que): cinqüenta (queijo), qüinqüídio (aquilo), lingüiça (enguiço), freqüência, lingüeta (malagueta).

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