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Ainda não foi nomeado o novo bispo; conheça quem está administrando

Redação - 22 de maio de 2014 - 09:53

Ainda não foi nomeado o novo bispo para a Diocese de Três Lagoas. Os padres do Bolsão elegeram o padre Altair Ferreira como admininstrador até a nomeação. O Jornal do Povo, de Três Lagoas, fez uma excelente matéria com o padre, inclusive com perguntas sobre a igreja. Conheça o administrador da diocese e as suas opiniões.

Natural de Três Lagoas, e aos 45 anos, ele foi escolhido para administrar a Diocese de Três Lagoas, devido ao falecimento do bispo Dom José Moreira Bastos Neto, ocorrido no mês passado. É da opinião de que o ensino religioso deveria voltar a fazer parte da disciplina escolar e que pais têm que incentivar os filhos a terem uma religião. Estamos falando do padre Altair Ferreira, que está atuando como administrador da Diocese de Três Lagoas até a nomeação do novo bispo. Na entrevista especial da Semana, o Jornal do Povo conversa com o padre que fala sobre esse novo desafio e de que como está o trabalho à frente da Diocese.
Jornal do Povo- Quem é padre Altair Ferreira?

Padre Altair- Eu nasci em Três Lagoas, e há 12 anos fui ordenado padre. Atualmente sou pároco em Água Clara e faço parte do Conselho de Presbíteros. Fizemos a eleição e eu fui eleito o administrador Diocesano de Três Lagoas, até a chegada do novo bispo.

JP- O senhor é um três-lagoense, então conhece a cidade?

Padre Altair- Conheço um pouco, mas tem mais de 20 anos que eu mudei, às vezes ficamos um pouco perdido, porque a cidade cresceu bastante.

JP- Há quanto tempo o senhor atua como padre em Água Clara, e já passou por quais cidades ?

Padre Altair- Em julho, completará quatro anos que estou como pároco em Água Clara. Já atuei em Selvíria, em Inocência e agora em Água Clara, sempre dentro da nossa Diocese. Dia primeiro de fevereiro do ano que vem esta prevista minha transferência para Chapadão do Sul, isso se for nomeado um novo bispo para a Diocese até lá.

JP- Como o senhor encarou a indicação do seu nome para administrar a Diocese de Três Lagoas?

Padre Altair- A gente não espera, sempre esperamos que seja outro o eleito, mas os irmãos decidiram que seria eu, então tenho que aceitar com bastante humildade e sacrifício, porque assumir as funções do bispo não é fácil. O bispo já é alguém que foi escolhido, eleito, nomeado e tem todas as qualidades para assumir a Diocese, a gente não, somos apenas um padre. Não temos uma escola preparatória para bispo, mas com a ajuda dos outros sacerdotes vamos fazer o possível para manter o bom funcionamento da Diocese.

JP- Quando deve ser definido o novo bispo de Três Lagoas e como funciona esse processo?

Padre Altair- Estamos rezando para que esse processo possa ter bom êxito. O núncio apostólico manda os seus escrutínios para sacerdotes e são apresentados a ele: Esse poderia ser um bispo e ele manda o escrutínio, daí espera o retorno e se for todos positivos, o núncio chama o candidato e diz que ele foi escolhido para se bispo em Três Lagoas, e se ele aceita. Se a pessoa disser não, apesar de todas essas qualidades, o núncio tem que começar novo escrutínio. Isso pode levar meses, ou anos, porque não se sabe qual será a resposta da pessoa. Agora se ele aceita, o núncio encaminha o nome dele para a Santa Sé, que irá confirmar, daí a pessoa será ordenada e assumirá a Diocese.

JP- E como está sendo administrar a Diocese?

Padre Altair- É uma Diocese grande, assim como as instâncias também, então procuramos fazer reuniões, com o Conselho dos Presbíteros, com os outros padres e com as lideranças das igrejas para podemos dar os encaminhamentos as coisas. Graças a Deus, os padres, os religiosos colaboram, e os leigos, em sua maioria, cada um na sua função, no seu trabalho, na sua vocação tem ajudado, espero que continue assim.

JP- Está dando para conciliar a função de padre em Água Clara e a de administrador da Diocese em Três Lagoas?

Padre Altair- Está sendo possível com a colaboração dos irmãos sacerdócios. Na sexta-feira vamos ter mais uma reunião para apresentarmos toda a situação da Diocese.

JP- E qual é a situação da Diocese de Três Lagoas?

Padre Altair- A nossa situação é bastante difícil na questão de número de sacerdotes par atender. Atualmente nós temos essa dificuldade, mas estamos trabalhando para que aumente o número de vocações para que cada paroquia tenha o seu pároco, o seu vigário para o melhor atendimento do povo.

JP- Atualmente quantos padres têm em Três Lagoas?

Padre Altair- Na nossa Diocese nós temos 19 sacerdotes que atende todas as cidades do Bolsão. Em Três Lagoas, são quatro paróquias, mas tem uma, a São Francisco, sem padre, temos o diácono Eulálio Silva que assumiu as funções, mas precisa de padre. Não basta ter só a paróquia, mas também a presença espiritual e administrativa de cada pároco. Em Três Lagoas, nó temos o padre Maurício que fica na Catedral, na paróquia de Santa Luzia,temos o padre Severino, na paróquia de Santa Rita, temos o padre Nivaldo e na Nossa Senhora Aparecida, temos o padre Jair. Já na São Francisco fica o diácono Eulálio.

JP- O porquê desse número reduzido de padre na Diocese de Três Lagoas?

Padre Altair- Existe uma grande dificuldade para os jovens, nos dias de hoje, assumir: vou ser sacerdote, já que tem que ser para sempre. Então, muitos são temerosos, em relação ao casamento, já que fazem experiência mais não casam. E, na vida sacerdotal não tem como fazer experiência. Quando se decide ser padre é para sempre, e quando o sacerdote deixa o ministério, é um dano muito grande para ele, para igreja e para todos nós. Então, acredito que esse seja o medo de encarar esse, para sempre com Jesus Cristo, para o sacerdote. Essa não é a realidade de todo o Brasil, existem muitas Dioceses no país que têm bastante sacerdote, que acabando sendo emprestados para outras Dioceses em lugares mais pobres.

JP- E o que vocês pretendem fazer para mudar a realidade de Três Lagoas?

Padre Altair- Nós temos criado o serviço de animação vocacional, que procura fomentar as vocações das paróquias e, graças a Deus nós já temos o número de seis seminaristas e outros candidatos aparecendo para o ano que vem. No mês que vem teremos a ordenação de um seminarista, então esperamos que esse número vai aumentando, e que outros sacerdotes também tenham o interesse em trabalhar aqui na nossa Diocese, que ainda é de missão, precisa de missionários para isso.

JP- O que é ser padre para o senhor?

Padre Altair- É ser um homem de Deus. Um homem que Deus escolheu para essa função e que estará a serviço de Deus, da igreja e do povo. Isso é ser padre, sacerdote, presbítero. É alguém que se doa totalmente a Deus e, essa doação a Deus faz com que ele se doe a comunidade, a igreja e ao povo.

JP- Como o senhor analisa a diminuição no número de católicos no país?

Padre Altair- O número de católicos no nosso país, principalmente em algumas regiões, tem diminuído, mas a igreja tem se preocupado com essa questão, com os seus fiéis. A igreja tem procurado fazer uma nova evangelização, a pedido do Santo Padre, o papa Francisco, que recomendou que é preciso sair para evangelizar, deixar a sacristia, os escritórios, deixar de uma religião de conservação e partir para as ruas. Esse é o convite do papa, para que os padres saiam para evangelizar.

JP- O que a gente percebe é que as igrejas evangélicas estão cheias, inclusive durante a semana, diferente das católicas que é mais comum ter mais pessoas no domingo, como o senhor analisa essa situação?

Padre Altair- É uma tradição do povo católico sempre buscar mais a igreja aos domingos, mas existem grupos e movimentos que se encontram muito durante a semana. Nós temos o grupo da renovação, o grupo do terço dos homens e outros grupos de jovens, que também se encontram em outros horários. Agora, para o culto é mais tradicional aos domingos.

JP- As famílias tem ido às missas?

Padre Altair- A família tradicional, que nós avós viveram, está um pouco diferente. Hoje a gente encontra muitas crianças que são criadas só pelas mães, só pelos pais, ou pelos avós. Então, existe essa mobilidade muito grande dos casais, com a falta às vezes do próprio compromisso de morar juntos. Acho que falta fé e a vivência de muitos princípios, principalmente o do amor. Às vezes, as pessoas vão fazer do amor uma coisa relativa. Hoje podemos encontrar pessoas que dizem: Eu te amo, não vivo sem você, amanhã já não querem mais nem olhar um na cara do outro. Então, que amor é esse? É um amor sem raiz, sem princípios, os valores são deixados de lado. Ás vezes se dá muita importância à beleza externa, ao físico, ao corpo e esquece a interioridade.Entretanto, existe um pequeno número que mantém essa fidelidade, que defende essa união conjugal e frequentam a igreja.

JP- O senhor pretende ser bispo?

Padre Altair – De jeito nenhum, eu quero ser padre do interior. Só estou esperando o bispo chegar para eu voltar para a minha paróquia. É muito bom ser padre, bispo tem que ser para quem tem vocação.

JP- O que levou o senhor ser padre?

Padre Altair- Eu sempre tive esse desejo de igreja, de religião, de busca de Deus, e um dia o padre passou no colégio convidando os alunos e eu aceitei o convite, comecei a frequentar mais a paróquia, a catequese, o grupo vocacional e decidi.

JP- O senhor acha que poderia ter o ensilo religioso nas escolas ?

Padre Altair- Sim, a ausência da religião, de Deus e dos ensinamentos religiosos, causa muitos danos. Acho que o ensino religioso deve voltar a fazer parte da disciplina escolar. Os pais tem que incentivar os filhos a terem uma religião.

Matéria de autoria do Jornal do Povo

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