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Aftosa ainda penaliza cadeia da carne na região sul

Sandra Luz e Fernanda Mathias / Campo Grande News - 31 de outubro de 2006 - 12:54

Um ano após a confirmação de um foco de febre aftosa no município de Eldorado, 435 quilômetros de Campo Grande, pecuaristas que atuam em propriedades de grande e pequeno porte ainda sofrem as conseqüências econômicas do problema. O mercado local também absorve o impacto do foco, que prejudicou toda a cadeia bovina da região.

Leando Carlos Lopes revelou ao Campo Grande News que só conseguiu se manter porque tem uma farmácia, mas confessa que não sabe para quem foram piores as conseqüências do foco: aos pecuaristas que tiveram o gado abatido, ou aos que tiveram que manter o manejo dos animais.

No caso de Lopes, que tem uma propriedade em Eldorado, os 1,5 mil animais continuaram no pasto, sem a possibilidade de venda, que era feita entre 50 e 80 cabeças ao mês. O pecuarista explica que, além do aspecto econômico, a categoria sofre com os efeitos psicológicos do foco, diante das expectativas de recuperação do mercado.

Se para os grandes produtores os efeitos do foco foram ruins, para os pequenos foram desastrosos, como descreve Sebastião de Souza. Na sua propriedade 90% do gado, exatamente 360 animais foram abatidos. A indenização ao produtor foi pequena, fato que ele define como resultado de uma sub-avaliação do gado e que teve um impacto dramático à economia do produtor, que está sem crédito na praça e impedido de comprar insumos. Souza revela que o dinheiro do programa bolsa-leite foi insuficiente para repor as perdas.

O pecuarista explica que sempre vacinou o rebanho e observou a imunização de gado e aldeias indígenas de Japorã, comportamento que o leva a questionar a origem da aftosa na região que, segundo ele não recebeu animais vindos do Paraguai. O diretor-presidente do Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) João Caballero descarta ineficácia da vacina e explica que pode ter ocorrido problemas de acondicionamento do produto, ou manuseio inadequado.

Sem uma explicação oficial para a origem do fato, a cadeia produtiva bovina na região demonstra sinais de esgotamento. Conforme o comerciante Luiz Vicente de Oliveira, dono da empresa Agrocampo, alguns comerciantes não pagam desde a origem do foco, há um ano. Na falta de opção para receber, ele chega a fazer permutas com os clientes, que considera importantes para manter-se no mercado.

O alívio na região só chegou há 40 dias, explicou o comerciante, quando a venda dos animais foi liberada para dentro do Estado. Na ocasião, ressaltou, os pecuaristas estavam no limite.

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