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Afinal, o que querem as mulheres do Brasil?

Deigma Turazi/ABr - 08 de março de 2004 - 16:48

Afinal, o que querem as mulheres brasileiras? A frase do Pai da Psicanálise, Sigmund Freud, serviu de inspiração para um dos mais abrangentes estudos realizados nos últimos anos para determinar o perfil das cidadãs do país. Quais são, efetivamente, as grandes demandas de 61,5 milhões de brasileiras com mais de quinze anos de idade no limiar do século XXI? Em qual frente de batalha elas estão se engajando para garantir vitória certa, sem recuos, nos próximos anos?

As respostas para essas indagações constam da pesquisa “A Mulher Brasileira nos Espaços Público e Privado”, elaborada pela Fundação Perseu Abramo. Em 2001, a Fundação colocou em campo 300 pesquisadoras, que ouviram 2.502 mulheres em todo o país dentro dessa faixa etária. Acesso ao mercado de trabalho, direitos trabalhistas, jornadas de trabalho definidas, salários iguais aos dos homens, oportunidades na vida pública e política. A posição foi manifestada por 60% das entrevistadas, segundo a coordenadora do Núcleo de Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo, a socióloga Marisol Recaman.

“Agora há uma mulher que está disposta a enfrentar problemas. Com todas as diferenças de classe, de etnias, de região. Elas afirmam categoricamente que o caminho delas é o mercado de trabalho, o caminho de ir para a política, ir para a escola, ir para a vida pública. Essa é a nova mulher do Brasil. Ela não quer ficar só dentro de casa, quer ter uma vida plena e exercer sua cidadania plenamente”, diz Marisol.

Das mulheres ouvidas, 40% classificam o emprego como seu principal objetivo, pois isso representa, como indica o levantamento, a garantia plena de sua independência como pessoa e mulher. “Eu posso decidir as coisas, eu posso falar o que quero. Não estou submetida a ninguém”, justificaram aos pesquisadores algumas das entrevistadas.

Na opinião de Marisol Recaman, pelo conhecimento histórico que tem da trajetória feminina, esse é o perfil da mulher hoje no país. Mas, isso não quer dizer que essa nova mulher rejeite aquilo que é considerado pela sociedade o “mundo feminino”, como a maternidade, o matrimônio. “Ela não desvaloriza isso. Isso é muito importante na vida dela. Mas, ela começa a indicar que as duas coisas são importantes e que é impossível voltar atrás”.

Duas em cada três brasileiras (65%) acham que a vida das mulheres melhorou nos últimos 20 ou 30 anos, percepção que cresce com o aumento da renda familiar (chega a 82% no segmento com renda acima de 10 salários mínimos) e da escolaridade (91% entre as que chegaram ao 3º grau). Para um quarto (24%), porém, a vida piorou, avaliação que atinge 29% das mulheres que têm renda familiar até 2 salários mínimos, 40% entre as que não foram à escola, e 35% das mulheres acima dos 60 anos - as quais tiveram menos oportunidades de desenvolvimento, mas falam por experiência própria.

Como demonstra ainda a pesquisa, para 10% a vida não melhorou. A pesquisadora destaca que, do total de mulheres que está no mercado de trabalho - 40% das pessoas contabilizadas pela pesquisa -, 57% estão na informalidade, sem nenhum direito trabalhista assegurado.

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