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Advogado de defesa pede anulação de julgamento

Sabrina Craide /ABr - 23 de outubro de 2007 - 19:06

Brasília - O réu confesso do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales, poderá ter um novo julgamento. O advogado de defesa, César Ramos, disse que vai pedir a anulação do júri realizado ontem (22), no qual o réu foi condenado a 27 anos de prisão. Segundo ele, dois dos sete jurados que participaram da sessão não poderiam estar presentes, pois também participaram do primeiro julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, acusado de ser um dos mandantes do crime.

“O Supremo [Supremo Tribunal Federal] entende que o jurado que já participou do primeiro julgamento, ainda que de réu diferente, não pode participar mais de julgamentos no mesmo processo”, explica. Além disso, segundo o advogado, a tese sustentada pela defesa - de homicídio privilegiado por motivo de relevante valor moral – não foi aceita pelo juiz, o que, segundo ele, se caracteriza como cerceamento de defesa. “Esses dois fatos são suficientes para anular o julgamento”, garante Ramos.

Para ele, o julgamento de ontem foi influenciado pela opinião pública. “Foi injusto porque a verdade como deve ser vista não prevaleceu, o que prevaleceu foi uma pressão que a opinião pública impôs sobre os jurados, e isso acaba atrapalhando a lisura do julgamento”, afirma.

O promotor de justiça Edson de Souza, que fez a acusação, disse que o julgamento do caso Dorothy Stang tem ajudado a diminuir a violência na região sul do Pará. “As mortes continuam acontecendo, como em toda a parte do país, mas o assassinato de lideranças como Dorothy Stang diminuiu bastante”, afirma.

Para o promotor, a intenção do réu, ao negar que tenha recebido dinheiro para matar Dorothy Stang, foi inocentar os fazendeiros acusados de serem os mandantes do crime. “Ele voltou a exercer a função de soldado mandado, ou seja, ele sabia que já estava condenado, então o discurso dele passou a ser uma moeda de troca por algum favor, financeiro eu acredito, porque ele inocenta pessoas que estão acima dele na pirâmide criminosa e acusa a irmã [Dorothy Stang]”, explica.

Souza destaca que, ao sustentar a versão de que estava sendo ameaçado pela missionária, Rayfran piorou sua imagem perante a opinião pública. “As pessoas param a gente na rua e se dizem satisfeitas com o resultado do julgamento”, conta o promotor.



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