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Geral

Acusados de matar bancária se contradizem

TJGO - 17 de julho de 2007 - 18:44

Interrogados hoje (17) pelo juiz Sílvio José Rabuske, da 1ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, três dos quatros acusados pela morte da bancária Michellyne Rocha Araújo Fernandes, ocorrida em 13 de junho, no Jardim dos Ipês, entraram em contradição, negando participação no crime ou transferindo a responsabilidade para os co-réus. Denunciado por ter sido o agenciador do crime, Antônio José Pereira de Souza está foragido e não compareceu à audiência, que durou cerca de três horas e teve a participação do promotor Maurício Gonçalves de Camargo, titular da 5ª Promotoria da comarca, com ofício junto à 1ª Vara Criminal.

Primeiro a ser interrogado, Erasmo Nascimento de Souza detalhou o plano para render a vítima e disse ter sido agenciado por Antônio que, na ocasião, contou-lhe que o crime fora encomendado pelo gestor esportivo Arlindo dos Santos Fernandes, ex-marido de Michellyne. Erasmo disse ter recebido R$ 1 mil pelo seu trabalho que, segundo garantiu, resumiu-se a monitorar a vítima dias antes do fato e ajudar Alessandro Wesley Rodrigues dos Santos a rendê-la no momento em que ela chegava em casa. Ele disse ter sido Alessandro o responsável pelo estupro e enforcamento de Michellyne, bem como pelo incêndio no carro onde o corpo dela foi encontrado carbonizado. Por sua vez, Alessandro começou a responder ao interrogatório negando as acusações do Ministério Público (MP) mas, no decorrer da audiência, entrou em contradição ao admitir que foi contratado por Antônio para matar a bancária. Afirmando que o valor combinado pelo serviço era superior a R$ 1 mil - quantia que recebeu logo após a execução - ele contradisse a versão de Erasmo ao informar que, chegando ao local do crime, parou o carro, jogou a chave no chão e saiu correndo, deixando a vítima viva na companhia de Erasmo.

Marido

Já Arlindo negou qualquer participação no fato, sob alegação de que estava viajando na ocasião e não tinha tanto interesse em reatar com Michellyne. Segundo relatou, o padre da igreja a que freqüenta era quem, por questões de convicção religiosa, vinha incentivando o casal a voltar o relacionamento, por ser contrário ao divórcio. Arlindo também negou que tivesse sido um marido possessivo e violento.

Para o promotor Maurício Gonçalves, as declarações do gestor esportivo poderão demonstrar futuramente que ele é uma pessoa dissimulada - "o tipo de pessoa capaz de contratar gente para cometer assassinato" - caso as testemunhas que conviviam com a família confirmem, em juízo, a versão que apresentaram durante a fase inquisitorial, quando garantiram que ele estava inconformado com o fim do casamento, era agressivo e tinha muito ciúme de Michellyne.

Caso

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), Michellyne foi casada com Arlindo por quatro anos e se separou dele no ano passado em razão do comportamento violento e possessivo do marido. Diante da resistência dele em aceitar o divórcio, a bancária decidiu propor uma ação de separação litigiosa, enquanto Arlindo insistia em reatar a relação. Constatando que não teria êxito, o gestor esportivo decidiu, então, matá-la.

Depois de uma primeira tentativa frustrada, contratou Antônio para localizar dois executores. Após concordarem em assassinar a bancária, Erasmo e Alessandro foram informados do local onde ela morava e de seus hábitos. Passaram a monitorar Michellyne e, no dia do crime, a abordaram no momento em que a vítima estacionava o carro na garagem da casa dos pais. Sem esboçar reação, a vítima foi levada até um local isolado no Jardim dos Ipês, onde Erasmo a estuprou, enquanto Alessandro tomava as providências para atear fogo ao veículo.

Ainda segundo a promotoria, os dois denunciados se revezaram no enforcamento da vítima e quando as chamas começaram a se alastrar, a dupla fugiu do local, tendo o corpo da bancária sido encontrado, carbonizado, no dia seguinte. A identificação dos acusados do crime foi facilitada pelo fato de que, no dia em que a vítima foi levada, dois policiais militares notaram Erasmo e Alessandro próximos à casa dela e os abordaram, por considerar que estavam em atitude suspeita. Antes de liberá_los, os PMs anotaram seus dados, incluindo os endereços. (Patrícia Papini)

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