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Acusado de fraudes, Artuzi vivia de doações e passou fome no fim da vida

Aline dos Santos e Edivaldo Bitencourt, de Dourados, Campo Grande News - 24 de agosto de 2013 - 18:47

Empobrecido, sem dinheiro para remédios e sobrevivendo de doações de cesta básica. Na versão de amigos, esta era a situação do ex-prefeito de Dourados, Ari Artuzi, de 50 anos, no fim da vida. Ontem, ele morreu em decorrência de um câncer no intestino.

“Se tivesse roubado não ia ficar dependendo de doação de cesta básica e remédios, além de se tratar pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, afirma a vereadora Virgínia Magrini (PP). Para ela, a realidade não condiz com a de um homem acusado de receber R$ 500 mil por mês em fraudes. Doente, ele se alimentava por sonda, mas nem sempre tinha o alimento líquido.

“Nos últimos dias, ele passou fome porque não tinha esse alimento. Se tivesse roubado, usaria o dinheiro para manter a vida dele”, salienta a vereadora. Virgínia relata que o ex-prefeito sempre afirmava não ter feito nada de errado. “Se ele fez alguma coisa que não devia, foi por ingenuidade”, acredita a vereadora.

Em dez anos, Artuzi passou de caminhoneiro e presidente de associação de bairro a prefeito de Dourados. A primeira eleição foi conquistada em 2000, quando Artuzi se elegeu vereador. Depois, chegou à Assembleia Legislativa e em 2008 foi eleito prefeito. A derrocada veio em 2010, quando foi preso na operação Uragano, realizada pela PF (Polícia Federal). Ele ficou 90 dias presos e foi solto no dia seguinte ao anúncio de renúncia ao cargo.

Em dezembro de 2010, a Justiça determinou o bloqueio de seis imóveis em nome de Artuzi e a sua então esposa. O valor de R$ 854,73 também foi bloqueado. Em maio do ano passado, vacas, porcos e até um cavalo velho, avaliados em R$ 150 mil, foram a leilão judicial.

Longe da vida política, Artuzi relatou por diversas vezes ao Campo Grande News que enfrentava dificuldades financeiras. Ao ser informado que poderia pagar R$ 330 mil pelo custo da eleição fora de época, realizada após sua renúncia, rebateu que não tinha dinheiro nem para se tratar. O câncer foi descoberto em 2011.

“Meu tratamento todo é pelo SUS. Teve muito f.d.p. por aí que disse que eu roubei o dinheiro da prefeitura. Se eu tivesse roubado, meu tratamento tinha saído do meu bolso, seria particular”, afirmou, num tom de revolta, em julho deste ano.

 O ex-prefeito será sepultado na cidade de São Valentim (Rio Grande do Sul), sua terra natal.

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