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Acidentes de trabalho em hospitais são comuns
Pesquisa mostra que os cirurgiões dentistas são os que mais se envolvem em acidentes, principalmente nos hospitais de pequeno porte. Treinamento com informações sobre biossegurança não reduziu o número de ocorrências.
Os acidentes de trabalho envolvendo material biológico expõem os profissionais a uma série de riscos, inclusive a doenças. Quanto menor o hospital, maior a ocorrência de acidentes. Além disso, os profissionais de saúde do sexo masculino, principalmente os que pertencem às categorias de cirurgião-dentista, médico e técnico de laboratório, se envolvem mais em acidentes com material biológico, mesmo os que receberam treinamento com informações sobre biossegurança. Isso é o que mostram pesquisadores da Universidade de Brasília, em um estudo realizado com 570 profissionais de saúde de hospitais do Distrito Federal.
De acordo com artigo publicado na edição de maio/junho de 2005 dos Cadernos de Saúde Pública, o objetivo do estudo foi identificar os fatores que interferem no acidente de trabalho envolvendo material biológico em profissionais de saúde. Todos foram submetidos a uma entrevista semi-estruturada.
Os pesquisadores constataram que 39,1% dos entrevistados referiram ter sofrido acidente de trabalho com material biológico. A ocorrência de acidentes foi mais comum com os homens, principalmente cirurgiões-dentistas, médicos e técnicos de laboratório de hospitais de pequeno porte. A principal causa de acidentes em profissionais de saúde está relacionada ao uso de material perfurocortante, que provocou na maioria das vezes exposição percutânea.
A equipe observou também que o treinamento recebido pelos profissionais de saúde, com conteúdo sobre biossegurança, nos últimos dois anos não diminuiu o coeficiente de acidentabilidade de trabalho envolvendo material biológico. Os dados apontam um coeficiente mais elevado para aqueles que referem ter recebido treinamento do que para os que não receberam: a relação entre o conhecimento e a adesão dos profissionais de saúde ao uso de barreiras de proteção não foi significativa. Demonstrou-se que eles têm o conhecimento, mas não aderem às medidas e possuem uma percepção fraca de risco, pois fazem uso de barreiras apenas mediante o diagnóstico de soropositividade para HIV.
Dessa forma, os pesquisadores alertam para a necessidade de as normas de biossegurança serem implementadas no ambiente de trabalho. Tais medidas abrangem tanto questões de ordem administrativa, de organização do trabalho, como relacionadas à educação continuada, e ao controle de qualidade e prevenção de acidentes, afirmam no artigo.
Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)