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Acidente Marrone: Piloto diz que comandava o helicóptero

Elton Rodrigues, Diário da Região - 05 de maio de 2011 - 11:55

Edivaldo Santos
Edivaldo Santos

O piloto Almir Carlos Bezerra, 49 anos, afirmou ontem que era ele quem pilotava o helicóptero Esquilo do cantor Marrone, descartando a hipótese de que outra pessoa pudesse estar no comando do aparelho pelo fato de os dois comandos do helicóptero estarem acionados. “Os dois comandos sempre ficam ligados porque, quando necessário em viagens longas, Marrone me ajuda a pilotar”, disse o piloto em entrevista exclusiva concedida ao Diário, na tarde de ontem.

“Decolei com a aeronave e em nenhum momento ele (Marrone) pilotou antes da queda. Em viagens demoradas, quando precisava ver algum mapa ou verificar o GPS, às vezes ele me ajudava. Porém, nesse caso não tinha nem o porquê dele assumir o controle”, disse sobre a queda do helicóptero AS-350 Esquilo, na última segunda-feira, no Recinto de Exposições de Rio Preto. O acidente aéreo aconteceu logo após decolar, às 14h40, do aeroporto da cidade.

O piloto, que perdeu parte da perna esquerda (10 centímetros baixo do joelho) continua internado na Santa Casa de Rio Preto. Ele está no quarto e aguarda uma cirurgia corretiva no braço esquerdo, que está fraturado. Em entrevista, Bezerra afirmou ainda que Jardel Alves Borges, 33 anos, estava deitado no banco de trás, sem o cinto de segurança. Ao contrário das primeiras suspeitas dos técnicos do Serviço Regional de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa-4), o piloto revela que estava do lado esquerdo da aeronave, ao lado de Marrone. Os dois utilizavam o cinto de segurança.

“Tínhamos os costume de (deixar) quem viajava no banco de trás (Marrone ou Jardel) colocar o cinto só na hora de decolar. Depois tirava e dormia deitado no banco. Foi o que aconteceu naquele dia.” Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Diário - Marrone estava no comando da aeronave no momento da queda?
Almir Carlos Bezerra - Não. Eu fico no comando em todos os voos, até porque ele ainda está tirando a habilitação para dirigir e (ainda) não (pode) assumir como piloto da aeronave.

Diário - Você confirma informação de que o comando duplo estava acionado?
Bezerra - Sim, sempre ando com (os dois) comando acionado em casos de viagem longas. O Marrone sabe pilotar e me auxilia quando preciso consultar algum mapa ou ajustar o GPS.

Diário - Qual era a posição exata dos passageiros? Tinha alguém sem cinto de segurança?
Bezerra - Eu estava na frente, do lado esquerdo, e Marrone do lado direito. Os dois com cinto de segurança. Já o Jardel estava deitado no banco de trás, sem o equipamento de segurança. Era comum ele dormir no banco de trás durante as viagens.

Diário - Como foi o trajeto da decolagem até a queda?
Bezerra - Saímos do chão com helicóptero de frente para a rodovia Washington Luís, por isso fiz uma curva à direita enquanto ainda estávamos baixo. A rotação do motor ficou baixa e as luzes e alarmes de alerta acenderam. Não consegui voltar e escolhi aquela área para um pouso forçado. Só que o para-raios de uma caixa d’água e uma árvore atrapalharam. Batemos nos dois e o helicóptero caiu de bico e tombou para a direita.

Diário - O que você fez após o acidente?
Bezerra - Tirei o meu cinto e o do Marrone, porque ele não estava conseguindo. Depois ajudei ele a sair da aeronave e voltei para desligar o motor. Quando olhei para trás, Jardel estava desacordado com um corte muito grande na barriga.

Diário - Como se sente pela perda de parte a perna?
Bezerra - Isso é o mais difícil porque é uma parte do corpo que não posso mais ter. Já imaginei que iria ficar sem ela porque logo após a queda estava consciente e vi que essa parte já havia sido arrancada com o impacto. Fiquei desesperado.

Diário - Você pretende continuar na função mesmo após duas quedas de helicóptero na carreira? Ainda vai trabalhar com Marrone?
Bezerra - Trabalho como piloto e mecânico de aeronaves há 30 anos. Não sei fazer outra coisa. E outra, nunca tive medo porque é um dos meios de transportes mais seguros. Falhas acontecem em todos os ramos. Só não sei como vai ser daqui para frente, e se vou poder voltar a pilotar, já que preciso dos dois pés. Tenho amigos que pilotam com prótese, só que com algumas restrições. Quanto a continuar com Marrone, vamos ver se ele vai comprar outra aeronave porque aquela deu perda total.

Diário - Qual era a periodicidade do voos com Marrone?
Bezerra - Viajamos de um show a outro e a agenda deles sempre está lotada. É uma média de 15 a 20 apresentações por mês.

Diário - Vai cobrar indenização do cantor?
Bezerra - Não pretendo. Ele está me dando toda a assistência necessária e disse que vai ajudar em tudo que for necessário. Também pago seguro de vida e vou acionar a seguradora para ver o que pode ser feito.

Seripa ouve piloto internado

Um equipe do Seripa-4 investiga o acidente desde a manhã de terça-feira. O tenente-coronel Ricardo Beltran Crespo esteve ontem na Santa Casa, onde está internado o piloto Almir Carlos Bezerra para ouvi-lo na investigação. Na conversa foi abordado tudo que aconteceu dentro da aeronave, desde a decolagem até o momento da queda. “Não há indícios de que ele (Marrone) estaria pilotando. Ainda estamos levantando informações com os envolvidos e as testemunhas. É cedo para dar qualquer laudo. Investigamos todas as hipóteses como em qualquer acidente.”

Segundo informação de funcionários do aeroporto, quem preencheu o formulário de voo e pediu permissão para decolar foi o piloto Almir. “Sabemos que ele (o piloto) é quem levantou voo e a queda foi bem próxima do aeroporto. Não havia tempo para ele passar o comando”, disse um funcionário, que preferiu não se identificar.

Colaborou Eliene Berlato

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