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Academias devem se preparar para receber público infantil

Portal Educação Física - 11 de janeiro de 2016 - 11:00

O mundo se transforma a cada década e vemos o reflexo dessas mudanças no comportamento de cada geração. Se há 30 anos as crianças brincavam exaustivamente na rua com seus vizinhos, atualmente vivem em apartamentos pequenos e ficam restritas às atividades que podem ser feitas em condomínios ou no ambiente virtual, colaborando com o sedentarismo e com o surgimento da obesidade e suas consequências. Uma das opções que muitos gestores ainda não cogitaram está em abrir as portas das academias para este público tão especial.

Criança tem que se mexer
Escolas e academias têm se dedicado a colocar a turminha pra gastar energia. Isso acontece porque o estilo de vida mudou. Tathiane Costa é profissional de educação física especialista em gestão de academias, gerente geral da Academia Competition e diretora operacional da Kids Move Fitness Programs e diz que o sedentarismo e a obesidade infantil são realidades, pois as crianças da “Era da Tecnologia” praticam menos exercícios e se alimentam de maneira inadequada e desequilibrada. Além disso, ela cita que dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, no Brasil, o índice de obesidade infantil já alcançou 10% da população, o que leva a uma preocupação maior com as atividades para esse público.

Prática de exercícios deve ser iniciada na infância
Tiago Aquino da Costa e Silva, o Paçoca, é consultor em lazer e recreação e pesquisador do Laboratório de Estudos do Lazer (LEL) da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp),além de diretor da S&P Produções e Entretenimento e Kids Move Fitness Programs e indica que a prática de exercícios deve ser iniciada na infância de acordo com as condições relativas ao estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra. “A atividade física é um pré-requisito para seu crescimento e desenvolvimento e, dessa forma, aumentará a probabilidade do indivíduo assumir um comportamento físico ativo quando adulto.”

Crianças na academia: academia vai além da musculação
Muitos pais relacionam a ida à academia à prática de musculação, que não é recomendada para crianças. Paçoca explica que é preciso compreender que as crianças encontram-se em plena fase de crescimento, desenvolvimento e maturação e isso deve ser considerado na hora de ministrar as atividades físicas. “Além disso, a criança possui necessidades energéticas para a execução das atividades físicas e possui aspectos fisiológicos e estruturais particulares.”

Os exercícios contribuem para a redução da gordura, aumento da massa muscular e da densidade óssea, proporciona o aumento das potencialidades físicas, psíquicas e sociais e a musculação não é proibida para os pequenos, mas,sim, requer orientações específicas para uma prática segura e eficiente. Tathi explica que o termo fisiológico da palavra musculação indica que ela é um “trabalho contraresistido com pesos para melhora da postura e força de sustentação”, o que mostra que o trabalho é focado de maneira global: “a atividade deverá ser orientada por um profissional qualificado. Alguns estudos indicam a prática a partir dos 11 anos, outros preferem seu início aos 13, indo de encontro ao período da puberdade”.

Lugar de criança é… na academia!
Os programas voltados para crianças dentro das academias é uma excelente oportunidade de negócio para os gestores. Tathiane, que é especialista em gestão de academias, conta que as famílias atuais têm necessidades de segurança, comodidade, conforto e eficiência e faltam espaços para que as atividades físicas possam ser realizadas. “As escolas vêm perdendo este espaço devido às modificações da grade curricular. Sendo assim, onde essas crianças vão praticar atividades físicas de maneira supervisionada, com segurança e qualidade? As academias enxergaram esta oportunidade e cada vez mais estão oferecendo um cardápio bem atrativo para este público.”

Para conquistar públicos diferentes, as academias têm se reinventado em conceitos, espaços e valores. Apesar de ser compreendida como uma organização especializada na prestação de serviços relacionados às atividades físicas e corporais,elas também são espaços de convivência social.

“Você quer bons motivos para ter um “Espaço Kids” em sua academia? Sabia que a OMS entende que é primordial que as crianças façam uma hora de atividade física por dia de forma livre ou com orientação de um profissional por cinco dias na semana? E que cada vez mais é difundida a prática da atividade física para crianças no combate à obesidade infantil e o sedentarismo? E onde os pais colocarão os filhos para fazer tanta atividade física assim? Se não for na sua academia, com certeza será em outra concorrente!”, provoca Paçoca.

Criança na academia: foco na família
“Ao optar por um programa focado no público infantil, o gestor deve se preocupar em ter uma equipe qualificada, profissionais competentes e com experiência no público-alvo; ter uma estrutura adequada com salas e espaços amplos, limpos e seguros e ter uma metodologia de ensino eficiente, respeitando o nível maturacional de cada criança”, diz Tathiane.

A família, como um todo, pode ser o foco dos gestores e o relacionamento da empresa com os novos clientes deve ser contínua e transparente e com um relacionamento próximo para gerar confiança. “Os pais são os clientes e os filhos são os consumidores do serviço, sendo fundamental atender os objetivos de ambos”, diz a diretora operacional da Kids Move Fitness Programs.

Para envolver todos os membros da família, a academia pode criar aulas e eventos especiais para que pais e filhos vivenciem juntos trechos das modalidades oferecidas pela empresa. Essas aulas fortalecem o vínculo entre os membros da família, entretêm e integram pais, filhos e colegas.

“É possível criar e gerenciar modalidades onde visam a participação dos pais e filhos, como as aulas de Ginásticas Sensoriais e o Circuito de Motricidade. Cada vez mais as empresas estão lançando os produtos e serviços vinculados à criança e ao fitness, como o Zumba Kids e o Kangoo Discovery, sendo ótimas opções de atividades físicas para crianças”, cita Paçoca.

Peculiaridades para a turminha kids na academia
Para organizar um programa infantil na academia, Tathiane indica as seguintes etapas:

- divisão por faixa etária. “Segundo Piaget, o desenvolvimento humano se divide em quatro estágios – sensório motor dos 0 aos 2 anos; pré-operatório dos 2 aos 7 anos; operações concretas dos 7 aos 12 anos; e operações formais dos 12 anos em diante. Utilizamos tal estudo como base para a divisão de faixas etárias nas escolas de esportes, geralmente subdividindo as categorias para melhor atender”, exemplifica Tathi;

- modalidades: respeitando as faixas etárias e os níveis de complexidade, sendo mais globais para os menores e específicas para os maiores;

- duração das aulas: respeitando o nível de concentração de cada faixa etária, sendo 30 minutos para 3 a 6 anos; 45 minutos para 7 e 8 anos e 60 minutos a partir dos 9 anos.

Além disso, Paçoca reforça que os programas infantis devem ser criados com objetivos específicos, como:

- estrutura e adequação pedagógica coerentes para cada faixa etária;

- a programação das atividades deve oportunizar a prática de mais de uma modalidade no tempo em que a criança está na academia;

- para o acompanhamento dos pais, o Espaço Kids deve ter uma ferramenta eficiente de comunicação, seja um boletim informativo, um canal nas redes sociais, ou o próprio site da academia;

- a academia deve oferecer atividades especiais e temáticas, afim de integrar pais e filhos.

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