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Abss Duarte diz que não tomará decisões polêmicas

Graciliano Rocha/ Campo Grande News - 19 de setembro de 2006 - 14:54

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O homem que vai substituir o governador Zeca do PT no governo do Estado entre a quarta-feira e o dia 2 de outubro promete discrição durante o período de interinidade. Claudionor Miguel Abss Duarte, 59, que preside o Tribunal de Justiça desde o ano passado, revelou que não pretende tomar qualquer decisão polêmica como governador. Ele disse que a sociedade pode esperar tranqüilidade.

“Não preciso aparecer, não sou político, não vou pretendo tomar qualquer decisão polêmica, tenho pela consciência da condição de interino”, disse Abss Duarte durante uma conversa de 40 minutos com a reportagem do Campo Grande News em seu gabinete no TJ – de onde continuará despachando como governador. A entrevista aconteceu no final da manhã de terça-feira, menos de uma hora depois da Assembléia Legislativa aprovar a licença pedida pelo governador para ajudar o seu partido nas eleições.

Terceiro na linha sucessória do Estado, Abss Duarte assume o governo porque o vice-governador Egon Krakhecke (PT) e o presidente da Assembléia Legislativa, Londres Machado (PL), são candidatos. O desembargador se disse surpreso com o fato de se tornar governador por alguns dias.

“Quando assumi a presidência do tribunal, eu não esperava que isso fosse acontecer, mas vejo isso como uma honra primeiro para o Poder Judiciário e depois pessoalmente”, avalia.

Abss Duarte espera que na sua curta gestão como governador não seja surpreendido por crises. Nas últimas vezes que Zeca do PT se afastou para viajar ao exterior, o Estado foi sacudido por episódios como os conflitos entre fazendeiros e índios e até o fechamento da Santa Casa, maior hospital de MS.

“Estou otimista, espero que não aconteça nada, mas estamos preparados se houver alguma anormalidade, mas por enquanto vamos fazer valer nossa filosofia aqui no Tribunal, ‘cada dia com sua agonia’, vamos esperar”, comentou.

O presidente do TJ preferiu não emitir opinião sobre as razões do afastamento do governador. “É uma razão de foro pessoal, ele achou necessário e a Constituição assegura”.

Transição pantaneira - Pela primeira vez na história do Estado, um pantaneiro passa o comando do governo para outro. Sai Zeca, nascido em Porto Murtinho, entra Abss Duarte, nascido em Albuquerque, um distrito de Corumbá. Há uma curiosidade: ele não se apresenta como corumbaense, mas como cidadão de Albuquerque. Tem lá suas razões históricas.

“Novo Albuquerque foi fundado para que nos defendêssemos melhor na Guerra do Paraguai (1864/1870), mas quando a guerra terminou a maioria das pessoas preferiu voltar para o Velho Albuquerque (Corumbá)”, diz.

Claudionor Abss Duarte se tornou desembargador sem nunca ter sido juiz. Chegou ao TJ em 1987 por conta da regra do quinto constitucional que garante uma vaga para um representante dos advogados. Antes disso, foi procurador do Estado (1979/82) foi secretário estadual de Justiça (82/83) e chefiou interinamente a Casa Civil em 1983, durante o primeiro governo Wilson Barbosa Martins (PMDB).

O desembargador é leitor de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos – alguns dos maiores autores de narrativas sobre a vida do sertanejo brasileiro. É casado, pai de oito filhos, espera o nascimento do primeiro neto no próximo mês de janeiro. É católico praticante e torce pelo Corinthians.

Primeiros atos - O primeiro ato de seu breve governo deverá ser justamente uma decisão relacionada ao Judiciário. Ele deverá sancionar a lei aprovada pela Assembléia Legislativa que institui a comarca de Anastácio. O projeto foi encaminhado pelo TJ durante a sua presidência.

“Fico alegre com isso porque Anastácio merecia ter a sua comarca porque preenche todos os requisitos legais, nós aqui do tribunal apenas encaminhamos o procedimento, mas era um anseio antigo da população”, afirmou.

Abss Duarte afirmou que não está nos seus planos sair de Campo Grande durante os 12 dias, “a não ser que seja extremamente necessário”, mas ainda não decidiu se mantém ou não um compromisso como presidente do TJ em São Paulo na próxima sexta-feira.

Um pouco descontraído no final da conversa, o futuro governador brincou ao dizer que talvez use sua influência no cargo para reiterar um pedido feito há algumas semanas ao prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha (PT).

Quando viajava para a cidade de carro, diz que lhe cortou o coração ao ver em cima de um pé de bocaiúva, um coco típico do cerrado, a placa que indica a entrada para a sua Albuquerque.

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