Geral
A prevalência de incapacidade funcional nos idosos
Pessoas analfabetas, com baixa qualidade de vida, saúde referida ruim/moderada, aposentadas, bem como aquelas pessoas com maior número de morbidades e seqüelas têm mais chances de não conseguir desenvolver determinadas funções.
A capacidade funcional é entendida como a habilidade física e mental para manter uma vida independente e autônoma. Opostamente, a incapacidade funcional define-se pela presença de dificuldade ou mesmo pela impossibilidade no desempenho de determinadas atividades básicas da vida cotidiana. Com o envelhecimento, muitos idosos não conseguem mais fazer algumas atividades do seu dia-a-dia. Nesse sentido, Marcos Pattussi e equipe da Universidade do Vale do Rio dos Sinos resolveram estimar a prevalência de incapacidade funcional em idosos e seus fatores associados.
Participaram do trabalho 352 pessoas com idade maior ou igual 60 anos do Município de Guatambu, em Santa Catarina. Todas foram submetidas a entrevistas realizadas pelos agentes de saúde. De acordo com artigo publicado na edição de novembro dos Cadernos de Saúde Pública, o processo de envelhecimento tem preocupado, especialmente nos países em desenvolvimento, quando a discussão atinge a questão da capacidade dos sistemas de saúde para acolher a crescente demanda desta faixa etária da população.
Os resultados do estudo mostram que a prevalência de algum tipo de incapacidade funcional (leve, moderada, grave ou total) foi igual a 30,5%, sendo maior nos analfabetos; nas pessoas com qualidade de vida baixa, nas pessoas com saúde referida ruim/moderada; nas aposentadas, bem como nas pessoas com maior número de morbidades e seqüelas associadas. A equipe explica que baixos níveis de educação e piores condições sócio-econômicas estão associados a maiores riscos de deficiência e morte. Oportunidades de aprendizado podem ajudar as pessoas a desenvolver as habilidades e confiança para se adaptar e desenvolver um processo de envelhecimento saudável. Idosos com melhores condições financeiras geralmente possuem melhor acesso à prevenção, tratamento e reabilitação.
Dessa forma, os especialistas sugerem que a capacidade funcional depende da interação de fatores multidimensionais incluindo a saúde física, independência na vida diária, aspectos econômicos e psicossociais. Com isso, o foco de atenção ao idoso é ampliado e melhores estratégias de planejamento, implementação e avaliação de ações podem ser encontradas com vistas à melhoria da qualidade de vida de uma população que embora seja a que mais cresça em nosso país, ainda é uma das mais excluídas das políticas públicas, destacam no artigo.
Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)