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A número 500: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 24 de dezembro de 2008 - 08:56

Esta é a coluna de número 500. Surgiu de uma conversa com Chico Melfi, Grão-Mestre da imprensa regional, durante o prenúncio de um temporal nas vésperas natalinas de 1998. Por mera curiosidade, vale transcrevê-la:
“Céus de relâmpagos
Choveu forte na manhã de quinta-feira passada, em Santa Fé do Sul. Trovões ribombavam nos ares, raios coriscavam os céus e relâmpagos corriam rápidos no firmamento, tudo a pôr medo em crentes e descrentes. Chico Melfi, aqui na redação, previa que seu provedor de Internet sofreria as conseqüências dos raios. E a Melfinet ficou mesmo fora do ar até às 3,30 horas da madrugada de sexta-feira.
Aí veio a pergunta: Está relampeando ou relampadeando? Relampejou ou relampagueou? Como conjugar o verbo que indica uma ação rápida de descarga elétrica entre duas nuvens e que geralmente precede o ruído de um trovão?
Antenor Nascentes (“Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa”, 2ª tiragem da 1ª edição, Livraria Acadêmica, Rio, 1995, p .439) diz que a palavra relâmpago deriva-se de “relâmpado”, conforme encontra-se nos “Lusíadas” V, 16, VI, 78 e 84. A Academia Espanhola deriva de relâmpago e de re e lampo, do latim lampare, brilhar. No italiano é lampo, sem prefixo, nem sufixo. A raiz lamp vem do grego lâmpo, brilhar (cf. lâmpada).
Etimologicamente, as quatro formas verbais estão absolutamente corretas, embora a pronúncia de alguma possa aparecer pedante: relampadejar, relampadear, relampear, relampejar.
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O ex-prefeito Paulo Maluf teve seu nome ligado à divulgação de um dossiê, tido como falso, cuja papelada mostraria a existência de uma conta bancária nas ilhas caribenhas em nome de Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, José Serra e o finado Sérgio Motta, coisa envolvendo a espantosa quantia de US$ 380 milhões. Nestes tempos bicudos (será que vai sair o décimo terceiro?), é dinheiro que ladrão algum acaba.
A Eucatex, empresa de Maluf, teria pago R$ 4 milhões para ter acesso àquela documentação. Perguntado pela imprensa, o pepebista saiu-se com esta: “o dossiê é eventualmente falso...”.
Perdeu na compra daqueles papéis fajutos e claudicou no vernáculo.
O advérbio eventualmente, significa coisa que depende de um acontecimento, de um evento, que é incerto. O dossiê é ou não é falso. Ele não pode ser falso hoje, e amanhã, dependendo de um acaso, não o ser. Uma moça pode ser supostamente virgem, mas não eventualmente virgem e ligeiramente grávida.
Maluf cometeu um erro muito comum: usar o advérbio eventualmente no lugar de supostamente.
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O presidente da Associação Comercial e Industrial de Santa Fé do Sul, Kalil Rahal, em entrevista à Rádio Dinâmica, lamentava a ação de vândalos que, mal instalada a iluminação natalina no centro da cidade, quebraram inúmeras minilâmpadas, destruindo conjuntos que são interligados em árvores. E disse Kalil: “Ainda não se sabe quem foram os destruidores”. Imediatamente questionaram-me sobre aquele interrogativo “quem” e o verbo ser no plural.
Apesar de libanês, corretíssima a construção verbal do presidente da ACISFIS.
Quando fazemos uma pergunta o verbo ser concorda com a palavra subseqüente: “Quem sou eu?” “Quem somos nós?” Daí o “quem foram os destruidores”, dito pelo Kalil.
Não confundir porém o verbo ser com o verbo ir. “Quem são vocês? (verbo ser, plural); Quem foi aos jogos (verbo ir, no singular).
Exceto o verbo ser, todos os demais concordam na terceira pessoa do singular com o pronome interrogativo quem: “Na poda das árvores em frente à Rádio, quem jogou os galhos na rua?”. Sou testemunha de que não foi meu amigo Arlindo Sutto. “Quem trocou as lâmpadas da Cohab?” Quem pintou as guias de sarjeta do Centro?”.

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