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A mensagem dominical do padre Antonio Maurílio

Redação - 07 de junho de 2015 - 05:16

A mensagem dominical do padre Antonio Maurílio

Celebração do 10º Domingo do Tempo Comum – ANO B

Leituras: Gênesis 3, 9-15; Salmo 129 (130); Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 4, 3-18-5,1; Marcos 3, 20-35.

• Introdução: Nesta Eucaristia, Jesus nos diz que a sua família são todos aqueles e aquelas que fazem a vontade de Deus, e que por isso estão fortes e firmes para lutarem contra toda força do mal. O reino da maldade chega ao fim para dar início ao Reino de Deus. Esta vitória só é possível com a nossa ajuda. Peçamos a Deus que esta celebração nos torne cada vez mais fortes para ajudar nesta luta contra o mal.
• O Senhor nos reúne em sua casa: que é a comunidade onde somos acolhidos, batizados, irmãos e irmãs, ouvintes da Palavra, proclamadores das maravilhas da salvação, aprendizes da partilha e do perdão, e sempre enviados em missão. A assembléia é convocada para ser enviada.
• A comunidade, a casa de Jesus, comprometida com o bem e a fraternidade, vive em tempos de ganância, violência, corrupção, impunidade, enfim, um rosário de coisas que fazem o povo sofrer. E, ainda, tantas vezes, é vítima de calúnias e suas lideranças são ameaçadas, perseguidas e até mortas violentamente.
• A Palavra de Deus vem ao encontro das comunidades e as motiva a continuarem na luta e a melhorarem as condições de moradia, de emprego, de salários e de pão para todos. A Palavra ajuda a identificar os responsáveis por essa triste situação de fome, de injustiças, de violência e de agressão à vida. Deus mesmo não quer o mal e muito menos compactua com ele. Jesus veio para amarrar satanás e tirar do seu poder o povo explorado, injustiçado e sem dignidade e liberdade.
• Jesus constitui uma nova família com os que fazem a vontade de Deus e entram no seu projeto de vida, aceita viver a fraternidade, romper os padrões envelhecidos e carcomidos pelo tempo que não mais se colocam a serviço do bem comum da população: a nossa comunidade.
• A Palavra de Deus: O livro do Gênesis lembra o pecado de Adão e Eva. A palavra Adão vem significar homem. Seu pecado, como o nosso, nos dias de hoje, é: o orgulho de ser igual a Deus, querer ser seu próprio deus ou fabricar deuses à sua imagem e semelhança. E, quando os olhos de Adão se abrem, constata que está nu, ou seja, desprotegido e com medo diante de Deus.
• Mesmo no pecado e no afastamento, Deus não o rejeita, mas castiga a serpente, símbolo do mal e mais tarde identificada com o demônio, autor e princípio de todo o pecado.
• No futuro, a descendência humana vai esmagar a sua cabeça, uma referência a Jesus Cristo que vence o demônio pela sua morte e ressurreição.
• O mal, portanto, não vem de Deus, mas do homem. Deus fez todas as coisas perfeitas, mas os humanos subvertem o seu plano, pensam conseguir a felicidade dando asas às suas paixões e interesses, virando as costas para Deus.
• O homem e a mulher “comeram” do fruto, isto é, deram livre curso à ganância e ao orgulho, tornando-se eles próprios o critério para decidir o que é bem e o que mal.
• Com isso, as pessoas acham que podem fazer o bem entendendo-o como um “salve-se quem puder”. E a sociedade torna-se um campo de batalha, onde reina o medo de ser devorado ou explorado pelo outro (“fiquei com medo, porque estava nu e me escondi”).
• Medo, nudez e fuga são esconderijos quando as pessoas são lobos umas para as outras. E ninguém quer ser responsável por seus atos e manipulações. Adão culpa Eva e Eva responsabiliza a serpente. Medo e acusação estão introjetados nas relações humanas.
• Em vez de optar em colocar limites ao desejo de “comer”, o homem deixou-se possuir pelos seus desejos e paixões e permitiu que a serpente decidisse em seu lugar, tornando-se a pedra de tropeço nos caminhos da verdadeira felicidade.
• Mas, Deus aponta um caminho de esperança: a certeza da vitória está na descendência justa, que fere mortalmente a cabeça da serpente. Deus quer uma geração nova que será a família de Jesus (conforme o Evangelho). Uma família, comunidade que lute contra tudo o que divide e escraviza as pessoas.
• Uma comunidade de irmãos, de mães e de filhos, que faz do relacionamento fraterno e amigo o centro de suas alegrias e esperanças.
• O Salmo 129 (130) é a súplica de uma pessoa em grave situação, que clama por Javé que se mostra ao Deus da aliança.
• O salmo respira temor, confiança e esperança em Deus. Era cantado pelos israelitas na peregrinação anual para Jerusalém.
• O salmista fala em nome de todo o povo que se reconhece pecador e invoca Deus do profundo abismo que se encontra. Tem consciência que somente Deus o pode perdoar e espera com fé a sua palavra de paz.
• Na segunda leitura, segunda a carta aos Coríntios, escrita num momento difícil na vida de Paulo, mostra o “espírito de fé”, a força carismática que leva o apóstolo a testemunhar sua fé sustentada pela esperança do encontro com o Ressuscitado no final da caminhada.
• Enquanto o homem exterior vai caducando e se deteriorando, o interior se renova em e para Cristo.
• Da aflição e dos sofrimentos atuais, passamos à glória eterna. Isto tem sentido quando lembramos o relacionamento tenso de Paulo com a comunidade de Corinto, onde havia numerosos adversários que faziam de tudo para criar-lhe complicações e atrapalhar a sua vida de missionário dedicado e carinhoso.
• Os bens materiais não podem ser considerados como os únicos objetivos na vida. O homem se serve deles para poder viver e não para acumular riquezas e poder. A vida presente não é definitiva, tem um começo e tem um fim. Por isso, Paulo se alegra, pois, quando se desfizer este corpo, receberemos um corpo nos céus, não feito por mãos humanas.
• O Evangelho: Marcos tem uma solicitude básica que procura responder à pergunta: Quem é Jesus? Ele não apresenta apenas uma resposta teórica, mas fundamentada no seguimento e engajamento nas práticas de Jesus.
• No trecho de hoje, trabalha a reposta através dos exorcismos e indica como as pessoas vão se definindo contra ou a favor de Jesus.
• Marcos apresenta Jesus, tantas vezes, no meio da multidão, onde Ele se sente “em casa”, ao que parece.
• Nesta casa, Ele vai mostrando quem é. A casa de Jesus , local da sua morada, repouso do seu coração e missão, é o lugar onde se reúnem os sofredores e os discriminados de toda espécie, a ponto de Ele e seus discípulos não terem tempo para comer e dormir.
• Mas a missão de Jesus encontra obstáculos de toda ordem, mesmo no seio da sua família. Os seus parentes saem de casa para agarrá-lo e o chamam de louco. Procuram recolhê-lo.
• Realizar as obras de Jesus e proclamar o Evangelho é muito perigoso, pois mexe com muita gente, mina as seguranças e relativiza as instituições religiosas do tempo.
• A arma dos inimigos é desmoralizar ou rebaixar quem age desse jeito. E os doutores da lei vêm como enviados de Jerusalém, interessados em não mudar nada. Toda situação econômica e religiosa lhes era muito favorável.
• Acusam Jesus de endemoninhado e parceiro de satanás, príncipe dos demônios. E o pecado deles é muito grave. Fecham-se em sua ganância e prepotência. Estão cegos pelo “brilho” do seu orgulho.
• Não são capazes de ver e ouvir os sinais dos tempos, nem sequer de dialogar com quem vinha com outra proposta e outro projeto de sociedade, de economia e de convivência entre as pessoas.

• A Palavra de Deus em nossa vida: Quem pratica o mal não se encontra mais no lugar que lhe foi designado e confiado na criação. Deus o procura e chama… e não o encontra. “Onde está?” Está, portanto, fora do lugar, longe do projeto original e distante da bênção de Deus, que é vida e paz para todos.
• O local previsto e preparado por Deus não é o pecado, o orgulho e a dominação, que distanciam os homens uns dos outros. Os que pecam se sentem nus, como os escravos, despojados da liberdade e da dignidade humana.
• Ao deixar conduzir pelo egoísmo, o homem destrói a si mesmo e abala a ordem da natureza, que se revolta, perde a fertilidade, chama catástrofes produz cardos e espinhos.
• A verdade continua a mesma: quem julga poder proclamar sua independência diante de Deus, quem pretende construir seu próprio mundo, quem se isola em seu egoísmo não considera Deus como seu amigo, mas como um adversário a ser temido, evitado, mantido à distância.
• “Ouvi o barulho dos teus passos no jardim e tive medo”: ou seja, a presença de Deus incomoda, coloca ruídos na consciência e atrapalha o sossego do paraíso. Deus criou os homens para se ajudarem. O pecado, ao contrário, os desune, os afasta uns dos outros e os torna inimigos.
• Neste décimo domingo do tempo comum ano B, frente a frente do Evangelho, concluímos como é importante cada um descobrir e assumir a sua missão, contribuindo com a sua parte na construção de uma nova sociedade, que é a família de Jesus, cujo espelho é a comunidade litúrgica, a verdadeira mãe e irmã do Senhor, onde se cultiva o bem, se vive a fraternidade.
• Palavra e a Eucaristia > Acolher a Palavra de Deus é permitir que a ação do Espírito nos transforme e que Jesus nos introduza no seu jeito de viver a obediência ao Pai e de servir a humanidade.
• A celebração faz memória e atualiza em nossas vidas a prática de Jesus. Nela nos envolve e com ela nos compromete. Pelo ritual da celebração, entramos e comungamos na prática libertadora e caritativa de Jesus.
• A força e o poder de Deus não estão na violência nem na organização de uma cidade. Jesus demonstra isso: aceitou ser homem frágil, mas uma fraqueza que vence o demônio.
• Contemplando essa pedagogia e os ensinamentos de Jesus, nos acercamos da mesa eucarística, reunidos em comunidade, em torno do pão e do vinho, numa atitude de paz, imbuídos pela oração do salmista: “espere Israel pelo Senhor pois nele se encontram toda graça e copiosa redenção. Ele vem libertar Israel de toda a sua culpa”.

Fonte de D. Vilson Dias de Oliveira, DC – Bispo da Diocese de Limeira
Adaptações feitas pelo padre Antonio Maurílio

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