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A inquietante sensação do medo

Rosildo Barcellos - 27 de dezembro de 2014 - 12:05

A inquietante sensação do medo

O fenômeno social mais preocupante no ano que se finda é a escalada do uso de substância entorpecente. Isso justamente em razão da multidimensionalidade que o tema se apresenta, pois reflete desde o acidente de trânsito até a inquietação, medo e tristeza no seio familiar. A droga é hoje um impeditivo à paz social, pois gera intranquilidade no seio da “célula máter” da sociedade, na Saúde e na Segurança Pública. É inequívoca a relação na tríade usuário/traficante/criminalidade e o seu peso na movimentação da máquina da violência.

O uso indevido de drogas ameaça a estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais e da vida. Inobstante todos os esforços já realizados pelo Estado e pelo terceiro setor, na busca de alguma solução para a questão das drogas, infere-se uma enorme frustração quando se examina o balanço das políticas de enfrentamento implementadas. O consumo de drogas aumentou e são minguados os resultados das ações de reeducação e de recuperação de usuários.

É certo que muitos países são fortemente dependentes da economia das drogas, como é o caso, por exemplo, de Myanmar (antiga Birmânia), apontado pela ONU como o segundo maior produtor de ópio do mundo (460 toneladas), e de Marrocos, maior produtor mundial de haxixe. Entretanto é inegável que qualquer política de combate às drogas tenha por norte, contribuir para a responsabilização dos indivíduos a que se destina, buscando a sua conscientização e uma mudança atitudinal. Estamos em guerra contra as drogas e não há mais espaço para retórica. Esta é a questão que está em pauta na agenda da saúde pública no país. Mato Grosso do Sul tem apenas 83 leitos para tratamento de usuários de drogas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Infelizmente, pacientes amargam à espera de vagas nos dois hospitais que comportam internações acima de um mês – Nosso Lar, em Campo Grande, e Hospital Psiquiátrico de Paranaíba. Familiares continuam assustados sem saber o que fazer e eivados da inquietante sensação do medo.

O slogan “guerra as drogas” passa a fazer parte de toda uma aparelhagem ideológica presente em estratégias do Estado, da Justiça, de grupos de religiosos. Destarte precisamos fazer “entrar em cena” os atores, perturbar a lógica. Pais (sempre) em atividades junto a seus filhos, comungando com a orientação de professores, jornalistas, policiais e enfim todas as autoridades constituídas para buscar um caminho e se houver a necessidade : a internação. É o momento da sociedade somar esforços e contribuir para que se crie uma política de Estado de enfrentamento às drogas. Não se trata de uma disputa político-partidária mas a reeducação do amor “responsável”. Afinal o vício troca as dores humanas por falsos e efêmeros prazeres, enquanto escraviza a alma e por derradeiro ainda definha o corpo.

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