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A homilia lida pelo cardeal Ratzinger no funeral do Papa

08 de abril de 2005 - 08:22

"'Siga-me.' O Senhor Altíssimo disse essas palavras a Pedro. Foram suas últimas palavras a seu discípulo, escolhido para pastorear seu rebanho. 'Siga-me' --essa frase lapidar de Cristo pode ser tomada como a chave para compreender a mensagem que chega a nós da vida do nosso amado papa João Paulo 2º. Hoje enterramos seus restos na terra como uma semente da imortalidade --nossos corações estão cheios de tristeza, ainda que, ao mesmo tempo, de alegre esperança e profunda gratidão.

Estes são os sentimentos que nos inspiram, irmãos e irmãs em Cristo, aqui presentes na praça São Pedro, nas ruas vizinhas e em vários outros lugares, dentro da cidade de Roma, onde uma multidão imensa, silenciosamente rezando, se reuniu nos últimos dias. Agradeço a todos vocês de coração. Em nome do colégio de cardeais, também expresso meus respeitos aos chefes de Estado, chefes de governo e às delegações de vários outros países. Agradeço às autoridades e aos representantes de outras igrejas e comunidades cristãs, e igualmente àqueles de outras religiões. Em seguida, agradeço aos arcebispos, bispos, padres, homens e mulheres religiosos e fiéis que vieram aqui de todos os continentes, especialmente os jovens, a quem João Paulo 2º gostava de chamar de futuro e esperança da igreja. Meus agradecimentos se estendem, também, a todos aqueles no mundo todo que se uniram a nós através do rádio e da televisão nesta celebração solene do funeral de nosso Santo Padre.

Siga-me --enquanto um jovem estudante, Karol Wojtyla se emocionava com literatura, teatro e poesia. Trabalhando em uma indústria química, cercado e ameaçado pelo terror nazista, ele ouviu a voz do Senhor: Siga-me! Nesse extraordinário cenário, ele começou a ler livros de filosofia e teologia e então entrou no seminário clandestino estabelecido pelo cardeal Sapieha.

Depois da guerra ele pôde completar seus estudos de teologia na Universidade de Cracóvia. Freqüentemente, em suas cartas a padres e em seus livros autobiográficos, ele nos falou sobre sua ordenação, que aconteceu em 1º de novembro de 1946. Nesses textos, eles interpreta seu sacerdócio fazendo referência a três ditos do Senhor em particular.
O primeiro: Vós não fostes os que me escolhestes a mim, mas fui eu que vos escolhi a vós e o que vos constituí para que vades e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça' (João, 15:16). O segundo dito é: 'O Eu sou o bom pastro. O bom pastor dá a vida pelo seu rebanho' (João, 10:11). E por fim: 'Como meu pai me amou, assim vos amei eu. Permanecei no meu amor' (João, 15:9). Nesses três ditos vemos o coração e a alma do nosso Santo Padre. Ele foi a todos os lugares, de modo incansável, a fim de gerar um fruto, um fruto que dure. "Levantai-vos, Vamos", é o título de um de seus últimos livros . "Levantai-vos, Vamos" --com essas palavras ele nos tirou de uma fé letárgica, do sono dos discípulos de ontem e de hoje. "Levantai-vos, Vamos", ele continua a nos dizer ainda hoje. O Santo Padre foi um padre até o fim, pois ofereceu sua vida a Deus por seu rebanho e por toda família humana, em um ritual diário a serviço da igreja, especialmente em meio aos sofrimentos dos últimos meses. E deste modo ele se tornou um com Cristo, o Bom Pastor que ama seu rebanho. Finalmente, 'permanecei no meu amor': o papa que tentou encontrar a todos, que tinha a habilidade de perdoar e abrir seu coração a todos, nos diz mais uma vez hoje, com essas palavras do Senhor, que, ao perseverar no amor de Cristo aprendemos, na escola de Cristo, a arte do verdadeiro amor."


Fonte: Folhaonline

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