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A homenagem de Manoel Afonso ao pioneiro Vitório Tontini

Manoel Afonso - 09 de maio de 2004 - 14:01

Sacanagem! E não é que estou ficando velho também! A cada dia parte um amigo para as brumas do além. Ontem o Mario Rotilli – agora o Vitório Tontini. Dele posso falar de perto, porque tive um relacionamento bem próximo: desde o dia em que estava à margem direita da rodovia – com toda a família – numa barraca de lona de plástico preta, acreditando que estava acampado nas terras certas que lhe foram vendidas por um conterrâneo seu cujo nome prefiro preservar. Com minha interferência e como advogado dos herdeiros da área em questão, ele acabou recebendo a escritura definitiva, onde fincou moradia . Aliás, ele nunca negou que fui o grande responsável por salvá-lo do conto que havia caído por obra de sua ingenuidade de quem sempre viveu na roça, ou na colônia como dizem no Rio Grande do Sul. Mas não vamos alongar aqui sobre isso.

Desse episódio – nasceu um grande relacionamento, extensivo aos seus familiares, dos quais fomos sempre fomos amigos – advogado – e testemunha das lutas contra a intempéries do tempo e do sistema financeiro – sujeito a chuvas e trovoadas. Afinal, plantar arroz no Chapadão não era tarefa fácil. Sobre isso, conversava muito com ele, que se queixava das dificuldades na lida com o Banco do Brasil, na época gerenciada pelo Paulo Leonel, que também já partiu para outra vida.

Certa feita – após a inauguração da cancha de bocha, numa de minhas visitas ao Chapadão, dei sorte numa demonstração de minha “habilidade” deste jogo, adquirida ainda na infância no interior paulista. O amigo Vitório – entusiasmado e surpreso – não cansava de se referir ao fato, dizendo que eu era um “baita” jogador. Generosidade dele, é claro.

Encontrá-lo ali no bar do Raulino, tomando sua sagrada cerveja, às vezes pilchado, com direito ao calçado “alpercatas”, era um convite a um bom papo, falando de agricultura, política e assuntos gerais. Nessa época eu ainda tinha uma vasta cabeleira, e ele, nem usava óculos. Depois que vim para Campo Grande tivemos encontros esporádicos, mas ele jamais deixou de manifestar sua consideração a nossa pessoa e ao Girotto.
Asfalto, energia, televisão, internet e telefone – naquela época nem pensar! Era um Deus nos acuda nas horas difíceis, e ele Vitória vivenciou tudo isso sem reclamar. A sua passagem entre nós, nos autoriza a citar – em sua homenagem - trecho do poeta Carlos Drumond que diz assim: “...no fim do caminho não importará tanto o que voce tiver conquistado, mas os dons que tiver oferecido generosamente às pessoas com que se relacionou.”

Finalizando – já com saudades - e abraçando familiares e amigos do patriarca Vitório, busco trecho de um discurso do publicitário Nizan Guanaes que diz: “...colabore com seu biografo. Faça, erre, tente, lute...” Você Vitório – buscou fazer melhor. Descanse em paz nos verdes prados do Criador!

(o autor é advogado e comentarista
da TV-Record –MS)



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