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A história de Zagallo na Seleção Brasileira

CBF News - 06 de dezembro de 2004 - 09:13

Mário Jorge Lobo Zagallo não se tornou por acaso o símbolo de identificação com a Seleção Brasileira. O desejo de vestir a amarelinha, a camisa que ele tanto enaltece, começou muito cedo, bem no início da carreira, no juvenil do América, em 1948.

Meia-esquerda habilidoso, driblador, Zagallo era o camisa 10 do juvenil do América quando percebeu que, se não mudasse de posição, não chegaria à Seleção. Conseguir o objetivo falou mais alto do que a vaidade.

- Eu poderia ser um grande meia-esquerda. Mas vi logo que não seria convocado em uma posição em que no Brasil havia muitos craques. Como meu grande sonho era vestir a amarelinha, passei para a ponta-esquerda.

A troca deu mais certo do que Zagallo poderia imaginar no melhor dos seus sonhos. Fez dele bicampeão mundial como jogador, em 1958/1962; tricampeão mundial como treinador, em 1970, e tetracampeão mundial como coordenador técnico, em 1994. Mais: disputou como treinador mais duas Copas do Mundo, em 1974 e em 1998, o que o torna o profissional que mais vezes esteve em Mundiais.

Zagallo é, portanto, o Senhor Copa do Mundo. Aos 73 anos, caminha para estabelecer mais um recorde, o de participar do sétimo Mundial, em 2006, na Alemanha. Fato que o deixa orgulhoso, com a paixão pelo verde-e-amarelo cada vez mais presente.

- Vou estar lá, não tenha dúvida. E, se Deus quiser, para comemorar o hexacampeonato mundial - diz.

Zagallo demonstra a motivação de um iniciante. Apesar de ser um profissional que detém com sua experiência, mais do que todos, a história da Seleção Brasileira. Como bem lembra Carlos Alberto Parreira, é impossível encontrar um profissional que tenha vivido tantas situações no futebol.

- O Zagallo, como jogador e depois como treinador, além de vitorioso e ter conquistado tantos títulos, foi testemunha das mudanças táticas que aconteceram no futebol brasileiro - explica Parreira.


Gilmar, Zagallo, Garrincha e Nílton Santos dão a volta olímpica com a bandeira da Suécia depois do jogo final em 1958

Uma delas, na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, teve Zagallo como personagem. Com o seu futebol já reconhecido no Flamengo, onde fora tricampeão carioca em 1953/54/55, demorou a ser convocado, o que só aconteceu quando Vicente Feola o chamou para o Mundial da Suécia.

- Éramos três pontas-esquerdas, Pepe, Canhoteiro e eu, disputando duas vagas. O Pepe fazia 40 gols por ano no Santos. O Canhoteiro era um dos maiores dribladores do Brasil. Senti que seria cortado se não fizesse algo diferente. Passei a jogar recuado. O Canhoteiro foi cortado e o Pepe foi meu reserva - diz.

Zagallo fazia a sua função como ponta-esquerda ofensivo, tanto que foi autor de um gol na goleada de 5 a 2 no jogo final contra a Suécia, mas voltava para ajudar na marcação quando a Seleção Brasileira perdia a bola. A dupla tarefa em campo fez dele o jogador mais importante no aspecto tático do primeiro título mundial e lhe valeu o apelo carinhoso de Formiguinha, dado pelo falecido locutor Valdir Amaral.

A história se repetiu em 1962, no bicampeonato mundial. Zagallo, Pepe e Germano, um promissor ponta-esquerda do Flamengo, foram convocados. Nos preparativos, Zagallo parecia à beira de perder a vaga, mas a eficiência tática, aliada ao bom futebol, o fez titular em toda a campanha no Chile. Com direito a gol no jogo de estréia contra o México e jogada de linha de fundo, com cruzamento para gol de Amarildo na vitória de virada por 2 a 1 sobre a Espanha.

- Continuei executando a dupla função. Ajudando a defesa e sendo atacante quando o time tinha a bola. Sempre tive excelente preparo físico, não havia problema - conta.


Zagallo encerrou sua trajetória na Seleção Brasileira em 1964. Disputou seu último jogo no dia 7 de junho daquele ano, na vitória de 4 a 1 sobre Portugal, no Maracanã, em partida válida pela Taça das Nações. A competição reuniu ainda Inglaterra e Argentina, esta a campeã.

Um ano depois, pendurou as chuteiras no Botafogo e imediatamente passou a treinador dos juvenis do alvinegro. Foi bicampeão, repetiu a conquista nos profissionais em 1967/68 e acabou na Seleção Brasileira substituindo João Saldanha para levar o Brasil ao tricampeonato mundial no México, em 1970. Zagallo formou a Seleção que considera a mais completa da história do futebol brasileiro.

- Fica muito difícil fazer comparações. Muitos consideram a de 1958 a melhor. Mas pelos craques que reuniu e por jogar 34 anos antes o futebol moderno que hoje tanto pregam, afirmo que a Seleção de 1970 foi a mais completa - diz Zagallo.

Em 1974, na Copa do Mundo da Alemanha, ele amargou a decepção de perder na semifinal para a Holanda. Vinte anos depois, como coordenador-técnico, Zagallo viveu a redenção com a conquista do tetracampeonato dos EUA.

- O título de tetracampeão do mundo teve um sabor especial. Pelo massacre que sofremos, nunca uma Seleção Brasileira foi tão criticada - conta.

Na França, em 1998, Zagallo passou por outra frustração, a da inesperada derrota na final, o que o Mundial de 2006 na Alemanha poderá apagar. Nas contas de Zagallo, falta ainda a Copa do Mundo de 1986, no México, que lhe fugiu um ano antes, na eleição para a presidência da CBF.

- Eu seria o treinador daquela Copa. Estava tudo acertado com o Medrado Dias, o candidato que perdeu por um voto a eleição para presidente da CBF. Então chamaram o Telê - revela.

Zagallo disputou 34 jogos como jogador pela Seleção Brasileira, com 28 vitórias, quatro empates e duas derrotas. Como treinador, foram 135 jogos pela Seleção, com 99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas

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